BELO HORIZONTE (02/01/12) - O trabalho de restauração da Escola Estadual Barão do Rio Branco, localizada na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, região Centro-Sul da capital mineira, está revelando surpresas. Durante estudos e vistorias para a elaboração do projeto arquitetônico e estrutural da obra, foram encontradas pinturas parietais artísticas, ou seja, pinturas nas paredes do hall de acesso principal e no auditório da escola.  O processo de restauração teve início no segundo semestre de 2011. As obras devem ser concluídas em 2013, quando o prédio vai comemorar 100 anos.

“As pinturas foram encontradas durante o trabalho de prospecção, que é o processo técnico de restauração quando são retiradas as camadas de tintas e que tem por objetivo preservar e reconhecer os estratos a serem documentados. As pinturas estavam encobertas por, aproximadamente, 10 camadas de tinta”, revela a arquiteta do Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (Deop), Gabriela de Paula Soares.

Segundo o levantamento, as pinturas datam da fundação da escola e foram executadas com técnica de estêncil e pincel em motivos florais, característicos da época. Os tons predominantes são o vermelho terroso, verdes e beges.

“O levantamento foi incorporado ao projeto de restauração da escola e juntamente com o Deop e o Instituto Estadual do Patrimônio Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG),  vamos definir a melhor forma de preservar o patrimônio histórico. A estimativa é que em janeiro de 2012 o projeto esteja concluído”, explica o subsecretário de Administração do Sistema Educacional de Minas Gerais, Leonardo Petrus. Por ser uma edificação tombada pelo Iepha, o projeto de restauração depende da aprovação do órgão.

De acordo com o subsecretário, o valor inicial da prova pode passar por adequação devido à descoberta. “Antes das pinturas serem encontradas a estimativa da Secretaria era de que o valor da obra de restauração ficasse em torno de R$ 4,5 milhões. Mas só vamos ter o valor exato depois que o projeto for aprovado pelo Iepha-MG e orçado”, afirma.

Primeiro grupo escolar de Belo Horizonte

A Escola Estadual Barão do Rio Branco foi o primeiro grupo de Belo Horizonte. Criado quando a cidade tinha apenas nove anos, seu objetivo era acolher os filhos dos funcionários transferidos para a nova capital. Inicialmente, o estabelecimento foi instalado na Avenida Liberdade - hoje, Avenida João Pinheiro. Em 15 de julho de 1914, foi transferida para o prédio definitivo, na Avenida Paraúna, atual Getúlio Vargas. O antigo endereço se converteu na Escola Estadual Afonso Pena.

A edificação de estilo neoclássico foi tombada pelo Patrimônio Histórico em março de 1988. Muitas de suas características arquitetônicas originais permanecem mantidas, apesar das reformas ocorridas ao longo do tempo. Além do edifício, encontram-se preservados alguns de seus bens móveis, como conjuntos de sala de estar, mesa e console com tampo de mármore.

Segundo o diretor da Escola Estadual Barão do Rio Branco, Carlos Henrique Alves da Silva, o prédio foi todo construído com material vindo de outros países. “Toda madeira veio da antiga Rússia, incluindo as janelas e portas. O piso é proveniente da Bélgica; o gradeamento das varandas, do Reino Unido; o telhado, da França; e o mármore da escadaria veio da Itália”.

O prédio, que ocupa uma área de aproximadamente 4.600m², mantém ainda uma fachada primorosa, onde se destaca o frontispício com as armas da República, do Estado de Minas e do município.