BELO HORIZONTE (24/07/08) - A partir de estudo coordenado pelo professor Hercílio Martelli Júnior, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), foi descoberta uma doença que provoca alterações dentais, neurológicas e aumento gengival em indivíduos integrantes de uma extensa família com histórico de consangüinidade, principalmente primos. Esse resultado foi divulgado em artigo científico publicado na edição deste mês do periódico americano “Journal of Periodontology”, sob o título “Case reports of a new syndrome associating gingival fibromatosis and dental abnormalities in a consanguineous family”.

Segundo o professor, a pesquisa permitiu identificar o problema, considerado raro na medicina (uma nova síndrome específica que ainda não tinha sido descrita).

A descrição da doença abre perspectivas de avanço no estudo e, conseqüentemente, caminhos para o tratamento definitivo que promova a cura do mal, já que até hoje só se tem o controle sobre ele. O próximo passo é, num prazo de dois a três anos, avaliar profundamente os aspectos genéticos, fase em que a Unimontes terá a colaboração de instituições internacionais. Sabe-se que é uma doença rara, mas ainda não se tem informações das causas e é isto que será avaliado nesta etapa.

O estudo faz parte de uma linha de pesquisas da Unimontes que analisa as doenças genéticas e começou a ser desenvolvido há dois anos e meio. A conclusão demanda mais estudos genéticos para se compreender melhor a síndrome.

Colaboração

O professor Hercílio Martelli Júnior, lotado no Departamento de Odontologia, é coordenador de pós-graduação da Unimontes, exercendo, também, as funções de coordenador da Câmara de Ciências da Saúde (assessoramento técnico) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Para ele, “a publicação do artigo pelo jornal norte-americano representa o reconhecimento do nosso trabalho científico, alcançando repercussão em nível internacional”. E acrescenta: “O trabalho demonstra, também, os avanços da pesquisa da Unimontes e a consolidação dos estudos científicos na área de genética, contribuindo para o fortalecimento da pós-graduação na universidade”.

A pesquisa sobre a nova síndrome na literatura científica internacional contou com a colaboração do professor Ricardo Della Colleta, da área de Genética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além a participação de professores e acadêmicos de pós-graduação e graduação da Unimontes.