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19h22min - 22 de Março de 2013 Atualizado em 03h42min - 01 de Julho de 2013

Programa Travessia é destaque em seminário das Nações Unidas em Brasília

Aplicação pelo Governo de Minas do Índice de Pobreza Multidimensional, criado por pesquisadores de Oxford, foi um dos casos de sucesso apresentados no encontro

O programa Travessia – carro-chefe do Governo de Minas na promoção da inclusão social e produtiva da população em situação de pobreza e vulnerabilidade social – foi um dos destaques do seminário “Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) - Metodologias e Experiências”, realizado nesta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em Brasília.

O evento foi organizado para debater e incentivar a troca de experiências, no Brasil, sobre a aplicação do IPM para medir a pobreza e o grau de privações de populações socialmente vulneráveis e orientar políticas públicas para as necessidades regionais específicas. O programa Travessia foi um dos casos apresentados no encontro, juntamente com a experiência de São Paulo e do movimento AfroReggae.

Estiveram presentes representantes de diversos níveis da administração pública do país e de nove estados brasileiros, além de especialistas brasileiros e estrangeiros, incluindo a pesquisadora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a América Latina e Caribe, Susana Martinez-Restrepo, e o co-fundador da Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), John Hammock.

A OPHI, um dos centros de estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e o PNUD são parceiros do Governo de Minas Gerais na aplicação da metodologia do IPM no Estado para a mensuração das privações nas regiões atendidas pelo programa Travessia.

Ao apresentar a iniciativa mineira, o chefe da Assessoria de Articulação, Parceria e Participação Social da Governadoria, Ronaldo Pedron, chamou a atenção para alguns dos diferenciais do programa, como o projeto Porta a Porta, responsável por aplicar a metodologia do IPM em municípios do Estado. Após a aplicação das pesquisas por meio do Porta a Porta, explica Pedron, é possível criar um mapa das privações das comunidades pesquisadas. O levantamento é feito de casa em casa, como um censo que utiliza cada domicílio como unidade de análise e identifica as carências de cada família visitada.

A metodologia, segundo Ronaldo Pedron, permite a identificação de privações em municípios e comunidades que teriam permanecido invisíveis à análise de outros indicadores sociais que não chegam ao mesmo nível de estratificação. “O Triângulo Mineiro, por exemplo, é considerado uma região com bom nível de desenvolvimento, mas também lá existem municípios com níveis inaceitáveis de pobreza”, exemplifica Pedron. “Com o Porta a Porta e a aplicação do IPM, conseguimos identificar as privações destas localidades”, destaca.

Outro ponto destacado por Pedron no seminário é o monitoramento do programa Travessia a partir do poder central do Governo – a Governadoria –, o que permite a perfeita articulação entre todas as secretarias e órgãos estaduais envolvidos, garantindo o foco nas prioridades e metas do programa. O Porta a Porta já tem dados de 130 municípios mineiros e vai aplicar a pesquisa em outros 70 este ano.

O exemplo de Minas foi citado também pelo professor John Hammock, da OPHI, entidade responsável pela criação do índice, ao discutir as diferentes maneiras de aplicação da metodologia. O IPM é uma medida de pobreza que vem se popularizando desde que foi adotado pelo Relatório de Desenvolvimento Humano Global de 2010 do PNUD e busca ampliar a compreensão da pobreza além da perspectiva isolada da renda. O índice mede outras privações, como aspectos de saúde, educação, moradia, alimentação e saneamento, dando mais subsídios para a formulação de políticas públicas.

“É importante que as pessoas saibam que Minas Gerais é o primeiro estado em nível subnacional a utilizar o IPM. Isso é muito importante porque cria um exemplo, uma posição de liderança para outros governos em nível nacional ou estatal”, destacou Hammock.

Tema é debatido também na Cidade Administrativa

Também nesta semana, após o seminário em Brasília, pesquisadores das Nações Unidas e da Universidade de Oxford, participaram na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, de um encontro com especialistas na área de políticas públicas e sociais de entidades como a Fundação João Pinheiro (FJP), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No evento, foram debatidas as as possibilidades de aprimoramento da ferramenta Índice de Pobreza Multidimensional

Susana Martinez-Restrepo, do PNUD, apresentou um projeto das Nações Unidas que será aplicado na América Latina como uma extensão do IPM, chamado “IPM Plus”. Por meio de uma nova metodologia de pesquisa, o projeto tem o objetivo de medir o que, além das condições básicas para que um indivíduo não seja considerado pobre, é preciso para que esta pessoa se considere feliz.

Segundo Susana, o projeto piloto do PNUD será aplicado a partir de um questionário para medir as dimensões faltantes do desenvolvimento. “A ideia é baseada no livro ‘Manual de Economia’ do Amartya Sen (Nobel de Economia e idealizador do Índice de Desenvolvimento Humano) de que, para conseguir o desenvolvimento, a gente tem que desenvolver a liberdade nas pessoas, ou seja, desenvolver suas capacidades, trabalhando o tema das privações”, destaca a pesquisadora.

A metodologia, explica ela, busca identificar as dimensões materiais e também aquelas subjetivas da pobreza. “Além de medir a renda, o acesso à educação, o nível de saúde, queremos entender como as pessoas usam seu tempo, o quão satisfeitos estão com sua casa e seu trabalho, como se sentem com relação à segurança, se se envergonham de sua condição, se sofrem preconceito de raça ou gênero, enfim, faremos um cruzamento disto com a medição do IPM para ter um retrato fiel das condições de vida de cada região estudada”, pontua.

O projeto será implantado em 2014 em 18 países da América Latina e, de acordo com o assessor do Governo de Minas, Ronaldo Pedron, o Estado está participando de sua construção junto ao PNUD, contribuindo com a experiência mineira.

Saiba mais sobre o Programa Travessia

Iniciado em 2008, o Programa Travessia já contemplou 239 municípios mineiros com investimento superior a R$ 1 bilhão, beneficiando mais de 3 milhões de pessoas. Até dezembro de 2013, o programa alcançará 309 municípios, com a inclusão dos 70 novos municípios no Porta a Porta. Atualmente, o Travessia está presente em 132 municípios, nas dez regiões de planejamento do Estado.

Desde 2011, o Travessia utiliza o conceito de pobreza multidimensional, que considera que a pobreza é mais do que insuficiência de renda e que deve ser mensurada em termos de privações sociais nas dimensões saúde, educação e padrão de vida.

Entre 2011 e 2012 o Governo de Minas realizou o projeto Porta a Porta em 130 municípios, mapeando 263 mil domicílios. Este projeto de busca ativa produz o Mapa de Privações Sociais de cada município, apresentando as privações sociais e os domicílios multidimensionalmente pobres, de forma regionalizada e territorializada.

Entre os principais resultados no período de 2008 a 2012, destacam-se a construção e reforma de 5.331 módulos sanitários; de 1.453 casas e de 419 equipamentos públicos (UBS, Farmácia de Minas, escolas estaduais, entre outros). Por meio do programa, 7.168 pessoas foram qualificadas e 1.486 jovens capacitados para o mercado de trabalho.

As ações do Programa são realizadas por meio dos projetos Travessia Saúde, Travessia Educação, Travessia Renda, Travessia Social, Banco Travessia, Porta a Porta e Com Licença, Vou à Luta.

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