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Segurança / Defesa Social

15h41min - 27 de Outubro de 2014 Atualizado em 15h45min

Projeto Mãos Pela Paz ressocializa detentos do Ceresp Betim por meio da arte

Desde o ano passado os presos participam de oficinas, onde produzem origamis, artesanato típico japonês feito com papel

A arte de dobrar papel, sem cortes ou colagens, e criar novas formas. É assim, por meio das mãos, que detentos do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Betim têm transformado a realidade dentro da unidade. Desde o ano passado eles participam do projeto Mãos Pela Paz, que aposta na ressocialização por meio da produção de origamis, artesanato típico japonês feito com papel.

O Mãos Pela Paz é realizado em parceria com o Minas Pela Paz e os detentos têm a possibilidade de expor suas peças em diversos eventos. Neste momento, os integrantes da oficina estão produzindo oito mil tsurus prateados, encomendados para servir de cenário para um desfile de joias da AngloGold, previsto para o final de novembro. Alguns deles também puderam ensinar a arte durante a Virada Cultural de Belo Horizonte, em setembro. Quem participa do projeto tem direito à remissão da pena (a cada três dias de oficina é possível deduzir um da pena).

Através da produção dos origamis, o detento Luiz Gonzaga, 57, que está na oficina há 10 meses, pôde restabelecer laços com a família. “O primeiro reencontro com minha família, após eu entrar no Ceresp, foi durante a Virada Cultural. Lá eles viram que eu estava trabalhando e fazendo algo bom, foi muito importante ganhar um abraço dos meus parentes e ouvir deles que me amam”, conta.

Foi Gonzaga quem recomendou o colega de cela, Eduardo Costa, 41, para participar da oficina. A atividade contribui com o acompanhamento que Eduardo faz com psiquiatra e diminui a necessidade de remédios. “O tempo que eu achava que era perdido em uma cela, agora, transformo em arte! Nunca imaginei estar em uma sala, trabalhando, conversando sobre o que eu produzo. E, se antes eu era excluído, hoje minha família tem orgulho de mim”, afirma Eduardo.

Os irmãos Paulo Henrique Martins, 23, na oficina há três meses, e André Wesley Martins, 25, que faz o trabalho há dois meses, reforçam a importância do projeto. Paulo lembra da possibilidade da sociedade vê-los com outros olhos: “Não é só fazer o objeto, é mostrar que, no sistema prisional, tem gente se dedicando e fazendo algo para transformar a própria vida. Nós assumimos o nosso erro, mas temos a vontade de fazer diferente”. Já André destaca o valor para sua família: “O mais importante para mim é que, para minha mãe, isso é um alívio. Não é fácil ter dois filhos presos e, depois  de nos envolvermos com o projeto, decidimos trabalhar muito aqui para sair o mais rápido possível, e vamos conquistar coisas melhores lá fora”.

O caçula da turma, Júnio Sena, de 19 anos, que participa da oficina há seis meses, também afirma que o projeto o ajuda a passar sua permanência na unidade. “Eu nunca tinha estado no Sistema Prisional e acabei entrando em depressão quando me vi aqui. Agora eu já consigo ensinar para os outros colegas que estão nessa situação, e ainda quero ensinar lá fora, quando sair daqui.”

Para ensinar a arte de uma maneira mais simples, os detentos trabalham também na produção de um livro 3D, que ensina passo a passo a atividade. A ideia é que o leitor possa visualizar melhor as dobraduras e interagir com o livro enquanto aprende, ao invés de só observar as imagens e tentar reproduzir.

Os integrantes da atividade foram avaliados pela equipe multidisciplinar do Conselho Técnico e Classificatório (CTC) que tem, dentre outras atribuições, identificar e buscar  aptos para desenvolver trabalhos enquanto estiverem no Sistema Prisional. “Vale lembrar que todos eles estão aqui como provisórios. Mas alguns conseguem a permanência exatamente para desenvolver o trabalho de ressocialização, através do Programa Individual de Ressocialização. Ainda assim, temos o retorno daqueles que foram remanejados e estão desenvolvendo o trabalho em outras unidades”, explica a diretora de Atendimento do Ceresp, Tatiane Costa.

Em meio a tantos tsurus, símbolos de boa sorte e longevidade na cultura japonesa, os planos agora são de ampliar o projeto. “Hoje o nosso ateliê tornou-se pequeno, mas os resultados já obtidos são muito bons”, revela Tatiane.

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