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Educação

17h46min - 20 de Outubro de 2009 Atualizado em 00h53min - 30 de Junho de 2013

ProJovem Campo capacita 230 educadores da rede estadual

JABOTICATUBAS (20/10/09) - Está sendo realizado no Hotel Canto da Siriema, em Jaboticatubas (MG), o 1º Seminário Estadual de Formação de Educadores: Educação do Campo, Juventude e Sustentabilidade. O curso de capacitação prossegue até sexta-feira (23) e faz parte do Programa ProJovem Campo – Saberes da Terra “Saberes de Minas”, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação (SEE) e o Ministério da Educação.

O curso, ofertado pela UFMG, tem como objetivo a formação de cerca de 230 educadores para atuarem com jovens agricultores, que saibam ler e escrever, mas que não concluíram seus estudos. Com o programa, aproximadamente 1.700 jovens mineiros terão a oportunidade de terminar o Ensino Fundamental integrado a uma qualificação profissional. Durante esta semana, os educandos estarão envolvidos na construção de bases teóricas e metodológicas e planejamentos para compreenderem o público do projeto e as características das comunidades em que vivem. A carga horária desse primeiro seminário de formação é de 40 horas, ao todo são 360 horas para capacitação no decorrer de dois anos.

A abertura do evento, nessa segunda (19), foi realizada pela Comissão Pedagógica Estadual do projeto. A palestra inicial foi feita por Maria Isabel Antunes Rocha, professora da Faculdade de Educação da UFMG e membro da Coordenação Geral do curso de capacitação. Ela destacou que durante a formação os educadores serão expostos a grandes desafios: “uma experiência profissional diferenciada, fazer uma escola para jovens e não Educação de Jovens e Adultos (EJA), saber que não lida com qualquer jovem, mas com os jovens do campo que trazem uma realidade de vida específica. Além de conhecer esse sujeito do campo, os professores não ficarão restritos às salas de aula, vão ter que propor ousadias”, afirmou.

O Programa

O Programa ProJovem Campo – Saberes da Terra “Saberes de Minas” teve origem na Lei 11.692/2008, que institui o Programa Nacional de Inclusão do Jovem. A adesão ao programa, por parte da Secretaria de Estado de Educação, ocorreu em julho do mesmo ano. Em todo o país são 19 Secretarias de Estado participando. Até o ano passado, a meta era auxiliar 35.000 jovens do campo em todo o país. Em Minas Gerais, aproximadamente 1.700 educandos poderão concluir o Ensino Fundamental em um período de dois anos.

Para o desenvolvimento do projeto, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais é responsável pela matrícula dos alunos, o espaço físico e infraestrutura, contratação de professores e certificação. Já as prefeituras, por meio das secretarias municipais de Educação, responsabilizam-se pelo transporte dos educandos. O Ministério da Educação vai dar um auxílio financeiro para os educandos envolvidos no projeto. A UFMG é responsável pela formação dos educadores.

Além desses órgãos, fazem parte da Comissão Pedagógica: MST, UNDIME MG, Fetaemg, Emater, Amefa, UFMG, UFV, CAA – Norte de Minas, MDA e Cefet – Januária. Essas instituições e movimentos, de acordo com seu campo de atuação, podem colaborar com o conhecimento que possuem da realidade do campo no Estado.

Metodologia

O programa será desenvolvido em quatro áreas do conhecimento: Ciências Humanas e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Agrárias, da Natureza e suas Tecnologias. Apesar de ter um educador para cada área de conhecimento, em boa parte do tempo as atividades vão integrar conhecimentos de todas as áreas. A preocupação é desenvolver uma metodologia de ensino que abarca o conteúdo escolar do Ensino Fundamental e a realidade desses jovens.

Será utilizada a metodologia de alternância, ou seja, as atividades serão desenvolvidas em dois tempos: o Tempo Escola e o Tempo Comunidade. No primeiro caso as aulas acontecerão na escola, por três semanas consecutivas, em período noturno. Após esta parte, os educandos e educadores realizam trabalhos junto às comunidades, pela manhã ou tarde. A carga horária total do ProJovem Campo – Saberes da Terra “Saberes de Minas” é de 2.400 horas/aula, em um período de dois anos. Cada turma deve ter entre 25 e 35 alunos. Os educandos envolvidos, que tenham bom desempenho e no mínimo 75% de frequência, vão receber do MEC uma ajuda de custo no valor de R$ 1.200,00 por ano.

Representando os movimentos sociais que já possuem experiência com educação no campo, a coordenadora do Setor de Educação do MST em Minas Gerais, Terezinha Salino de Souza, destacou que o projeto vai dar visibilidade a um desejo antigo do jovem do campo. “Esses jovens pertencem a um grupo de pessoas que se preparam para um novo tempo. Então, a capacitação dos educadores deve ser bem aproveitada por todos”, disse Terezinha, que aposta no programa, que tem uma pedagogia própria.

A superintendente de Temáticas Especiais da SEE, Guiomar Maria Jardim Leão Lara, lembrou da importância de se desenvolver um trabalho com os jovens do campo e que se preocupa com a preservação do meio ambiente. “Eles vão trabalhar o tema desenvolvimento sustentável. A preocupação com o meio ambiente vai ser assimilada e desenvolvida pelos alunos”, avaliou a superintendente.

Em todas as macrorregiões do Estado, o projeto abrange 56 turmas de 42 municípios. Uma delas é a do professor Eriorlando Pereira de Oliveira. Com 26 alunos, as aulas na turma em que leciona no município de Águas Vermelhas, divisa de Minas com Bahia, começaram em setembro. Todos os dias, ele e os educandos pegam o ônibus que vai para a escola. A viagem de aproximadamente 90 km não assusta e nem inibe o educando e os educadores. “Eu acredito na troca de experiência entre professor e aluno. Eu vejo muita força de vontade neles. Isto é o que motiva”, enfatizou.

A professora Josélia da Silva leciona para uma turma no município de Taiobeiras, no Norte de Minas. Para ela, a capacitação é essencial para o educador que deseja trabalhar com educação no campo. “Aqui a gente vai ter uma noção de planejamento e o conhecimento de habilidades que não temos”, avaliou a professora se referindo às ações a serem feitas. Na região em que trabalha, a fonte de renda da maioria dos trabalhadores é a agropecuária e olaria (fabricação de tijolos). “Nós temos um desafio: o de fazer com que esses jovens se associem e montem uma espécie de cooperativa, disse.

Em outra palestra, ministrada pela diretora de Temáticas Especiais da SEE Soraya Hissa Hojrom de Siqueira e pelo consultor técnico na Coordenação da Educação do Campo da Secretaria de Educação Continuada – MEC, Eduardo Goes de Oliveira, foi discutida a origem do programa e o seu planejamento administrativo financeiro.

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