Minas por Região
Educação

07h00min - 25 de Agosto de 2012 Atualizado em 02h57min - 30 de Junho de 2013

Promoção da paz nas escolas avança em Minas Gerais

Fórum regional reúne mais de 400 pessoas de 30 município na região Central do Estado; ação passará por todas as regiões até 2013

A cerca de duas horas de sua cidade, São Francisco de Paula, Claudinéia dos Santos anda com a filha Yasmin pelas ruas de Divinópolis. A filha foi para a escolinha no ano passado e, desde então, a promoção da paz nas escolas passou a ser um tema importante para Claudinéia. A poucos metros, nas dependências do Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração, mais de 400 educadores e parceiros da paz no ambiente escolar participam do II Fórum Regional de Promoção da Paz Escolar (Forpaz).

O Forpaz e seus fóruns regionais, realizados pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, Defensoria Pública e outros parceiros da rede, têm como objetivo auxiliar educadores das redes estaduais e municipais a lidar com condições geradoras de violência em sua própria localidade e promover a paz. A previsão é que o fórum passe por todas as regiões mineiras até janeiro de 2013.

Na segunda edição, ocorrida entre os dias 23 e 24 de agosto, foram representados 30 municípios da região central de Minas, formado pelas Superintendências Regionais de Ensino de Divinópolis, Conselheiro Lafaiete, Sete Lagoas e Pará de Minas.

A Secretária-adjunta de Educação de Minas Gerais, Sueli Pires, abriu os trabalhos anunciando a ampliação da rede pela paz à região. “Essa rede deve permanecer viva e se estender a todas as escolas, porque um único episódio de violência macula o bom trabalho alcançado. Temos o sonho da educação libertadora, transformadora, para que nossos jovens dominem o conhecimento, mas saibam respeitar os colegas e professores”, afirma.

A promoção da paz nas escolas também passa pela mediação de conflitos, tema que foi tratado no mesmo encontro, dentro da II Jornada de Mediação Escolar. Os defensores públicos Francis de Oliveira Rabelo Coutinho, Roberta de Mesquita Ribeiro e Wellerson da Silva Correia falaram sobre o assunto, acompanhados de palestras, simulações e participação de diretores de escolas estaduais e municipais, além de representantes da rede parceira.

O segundo fórum também teve a presença de membros da Polícia Militar. “Como eles atuam na patrulha escolar e PROERD, este aprendizado é muito importante, pois lidam direto com o problema”, garante o tenente Reginaldo Sales, membro da Comissão Permanente do Forpaz em Divinópolis.

Claudinéia dos Santos, mãe da Yasmin, aprovou a iniciativa: “Primeiro é preciso ensinar em casa. Depois, temos que ter a comunicação e o apoio da escola, participando das reuniões e mantendo contato com a direção sempre que possível”, concluiu.

Transformação salta aos olhos e vira exemplo

Há cerca de quatro anos, a Escola Estadual Doutor José Maria Lobato, na cidade de Oliveira, era conhecida como “escola problema”. Mensalmente, o número de boletins de ocorrência registrados no ambiente escolar ultrapassava a marca de duas dezenas. Violência, vandalismo e evasão faziam a má fama da instituição e um traficante da região era considerado um ídolo pelos alunos. Este era o cenário que a diretora Ana Maria Avelar Caldeira Brant encontrou ao assumir a direção. Somente no ano de sua entrada, quase 500 alunos haviam deixado a escola.

A primeira atitude de Ana Maria no comando da escola foi levantar estatísticas. De posse dos números, que lhe permitiram fazer um “diagnóstico”, ela começou a pensar soluções. Seu foco inicial se voltou para os professores. “Muitos deles iam trabalhar mal vestidos nesta escola e bem vestidos em outras. Resgatamos a autoestima dos professores, seu comprometimento, sua maneira de falar com os alunos”, conta a diretora.

O passo seguinte foi reunir os alunos para elaborar normas que deveriam se aplicar a todos, inclusive funcionários. “Passamos a ouvir os alunos, ajudamos em suas questões familiares, colocamos os mais problemáticos para trabalhar como líderes”.

Brant acrescenta que abriu mão da construção de um muro em volta da escola para que a comunidade visse o trabalho que estavam fazendo lá dentro e participassem. Com uma área disponível de 22 mil metros quadrados, a direção começou a investir nos esportes e encontrou um caminho para solucionar os conflitos constantes entre os alunos.

Hoje, os estudantes são medalhistas dos Jogos Escolares e de sua própria olimpíada, disputando provas de atletismo, salto em distância, tênis, tênis de mesa, judô, peteca, handebol, futebol. Atualmente, está sendo construída uma quadra de areia para a prática do vôlei de praia, nos padrões internacionais.

Bons exemplos incentivam os alunos

Para inspirar os alunos quanto a seus ideais de sucesso, a direção procurou bons exemplos na casa. E os melhores vieram da paixão comum a tantos meninos, o futebol. Werley Ananias da Silva, zagueiro do Grêmio revelado nas categorias de base do Clube Atlético Mineiro, foi aluno da Doutor José Maria Lobato. O craque de 23 anos aceitou se tornar um dos parceiros da escola e tem sido uma presença constante nos fóruns de debate realizados pela direção.

Outro ex-futebolista que se tornou parceiro e modelo para meninos e meninos é o ex-aluno Alberto Valentim do Carmo Neto, eleito pela Revista Placar o melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro de 1996. No Brasil, o craque jogou pelo Guarani, Atlético Paranaense, São Paulo, Flamengo e Botafogo. Por nove anos ele atuou em gramados italianos, defendendo o escudo da Udinese e do Siena.

Após encerrar a carreira em 2008 depois de uma rápida passagem pelo alvinegro carioca, Alberto especializou-se em gerência desportiva e hoje é assessor da presidência do Clube Atlético Paranaense, clube que projetou sua carreira. Mesmo distante, Valentim faz questão de contribuir para que os 1.325 alunos atendidos pela escola tenham as mesmas oportunidades que ele.

Com a ajuda de Alberto e tantos outros parceiros, os alunos da escola estadual têm conseguido conhecer novos horizontes, ao participar de viagens de cunho educativo-cultural. Depois de levar seis ônibus para o Instituto Cultural Inhotim, em Brumadinho, o próximo roteiro dos alunos será a tradicional Vesperata de Diamantina. Ainda este ano, a direção pretende levar os jovens para conhecer, também, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Mas com quatro anos de tantas conquistas, a diretora da Escola Estadual Doutor José Maria Lobato sabe que o trabalho continua: “Os conflitos não deixaram de existir, os problemas continuam, mas é preciso mudar a maneira como encaramos isso. É preciso que haja equilíbrio a partir do que pensamos, falamos e como agimos”, encerra.

A diretora da Superintendência Regional de Ensino de Divinópolis, Vera Lúcia Soares Prado, chama a atenção para a forma como professores e a comunidade foram envolvidos para que essa transformação pudesse ocorrer. “A direção reuniu os professores para cantar e eles realizaram serestas de porta em porta, arrecadando recursos e formando parceiros que até hoje apóiam a instituição em tantos projetos”, completa.

Atualmente, a unidade atende alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. A escola conta com seis turmas no programa Educação em Tempo Integral, com a proposta de ampliação para 10 turmas no próximo ano. Os resultados também são observados no aspecto pedagógico. De um Ideb inferior a 2, hoje o índice da escola é 4,9, o que significa que a meta para 2021, estabelecida pelo MEC para a instituição, foi atingida nove anos antes.

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