Há dois anos, a área adquirida por Nelson Aleixo da Costa, produtor rural de Iapu, era ‘pelada’. Hoje, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) a tem como matriz para a coleta de sementes. A evolução é fruto da parceria de Nelson com o Governo de Minas, que propiciou a recuperação do bioma no local.O proprietário buscou o auxílio do IEF que, por meio do Projeto Estratégico de Conservação da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, disponibilizou mais de sete mil mudas de espécies nativas da região, adubo e formicida, além do apoio técnico.

“O proprietário tinha que recuperar a reserva legal, uma ação cara. A área era de pastagem com braquiária, uma recuperação muito complicada também. Mas ele seguiu as orientações, plantou as mudas na época correta, fez tudo certinho”, conta o analista ambiental da Agência Avançada do IEF em Caratinga, Ânderson Siqueira Teodoro.

Segundo ele, a recuperação foi tão bem-sucedida que já é possível fornecer sementes. “Hoje já estamos fazendo coleta de semente no local, das espécies pioneiras, para o plantio em outras áreas e produção de muda em viveiros. Ou seja, a área se tornou uma matriz para coleta de sementes. Agora também estamos começando o trabalho de enriquecimento de espécies”, relata.

A área que passou pela recuperação é de 6,9 hectares (um hectare corresponde a um campo de futebol), e recebeu 50 qualidades de espécies nativas da região. “A propriedade não tinha nada, só pasto. Sei que o antigo proprietário precisava buscar água na cidade na época mais seca. O IEF me indicou fazer a reserva permanente; fiz também contenções para a água de enxurrada e açudes. Hoje tenho uma quantidade de água na propriedade que ninguém acredita. São vários fatores que foram melhorando a área. Foram colocados 15% de árvores frutíferas, então hoje também tem muitos pássaros, animais. A flora e a fauna mudaram”, confirma o produtor rural Nelson Aleixo da Costa.

De acordo com o chefe do Escritório Regional do IEF - Rio Doce, Edenilson Cremonini, a recuperação vegetal afeta de forma positiva a disponibilidade da água. “O IEF auxilia na recuperação das áreas e a contrapartida do produtor é a manutenção da área. Essa ação, entre tantos benefícios, aumenta a qualidade da água, a volta do ciclo hidrológico na propriedade”, destaca.

Em toda a região Leste já foi recuperada uma área de 13.024 hectares, desde 2008.

Bosque de pau-brasil

A propriedade de Assoir José Jorge da Rocha, em Ipanema, também recebeu o apoio do Instituto Estadual de Florestas. O local possui um pequeno bosque de pau-brasil, e as ações do IEF ajudaram a melhorar o desenvolvimento das árvores. “O solo ficou mais fértil, mais poroso, facilitando a introdução das raízes. Era uma área desprotegida, hoje não mais. Mudou a microfauna, a microflora, melhorou muito”, afirma Assoir, que fornece sementes do pau-brasil para o Instituto.

Na propriedade foi implantada a regeneração natural induzida com enriquecimento de espécies e a recuperação total com plantio de espécies nativas, abrangendo 11 hectares. O proprietário relata que 85% da área já está totalmente recuperada. “O trabalho resultou em melhoria generalizada. Aves e animais que tinham desaparecido, voltaram; a mina aumentou o volume de água; e recuperamos a fertilidade do solo”, conta.

50 anos do IEF

Este ano, o Instituto Estadual de Florestas completa 50 anos de atuação. As comemorações integraram a Semana Florestal, realizada entre 15 e 21 de setembro. Entre as ações que marcaram a data, foram apresentados o Plano Estadual de Proteção à Biodiversidade e o Plano Estratégico da Cadeia do Carvão, ferramentas adotadas pelo Governo de Minas na gestão dos recursos naturais do Estado. Também foram entregues os certificados de proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Durante as comemorações também foram homenageados os funcionários do Instituto que contribuíram para a construção da autarquia, que foi criada em 05 de janeiro de 1962.

Na região do Rio Doce, o IEF executa, além do Projeto Estratégico de Conservação da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, programas de fomento como os projetos “Recuperação dos Recursos Hídricos da Micro Bacia do Córrego do Baixio” e “Recuperação Florestal de Áreas Degradadas da Região do Médio Rio Doce”; mobilização e educação ambiental das comunidades da região; capacitação dos produtores rurais e parceiros em tecnologias de produção de mudas, extensão florestal, recuperação de áreas degradadas e outros temas associados à questão ambiental; produção de mais de 150 mil mudas em viveiros comunitários; diagnóstico e monitoramento sócio econômico e ambiental das micro bacias; introdução de novas alternativas de renda nas comunidades como turismo rural e produção de mudas; projeto Bolsa Verde; e projeto piloto de piscicultura no Rio Doce.