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Saúde

06h00min - 24 de Março de 2013 Atualizado em 19h40min - 29 de Junho de 2013

Rede Fhemig humaniza o atendimento a grávidas com o trabalho de doulas comunitárias

Em um gesto de solidariedade, voluntárias acolhem as gestantes e parturientes e proporcionam mais conforto físico e emocional em todos os estágios do parto

As maternidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Rede Fhemig) têm contribuído para que o acolhimento das gestantes adquira um caráter ainda mais humanizado. Dez voluntárias que exercem a função de doulas comunitárias na Maternidade Odete Valadares e no Hospital Júlia Kubistchek acompanham as mulheres em todos os estágios do parto.

Adotadas há oito anos pela Rede Fhemig, as doulas comunitárias são mulheres que realizam trabalho voluntário de assistência às grávidas e parturientes no ambiente hospitalar. Elas atuam de modo a proporcionar melhores condições de saúde e conforto físico, emocional, espiritual e social às pacientes.

Ao acolher e acompanhar a paciente, as doulas contribuem para diminuir a incidência de depressão pós-parto, o uso de analgésicos e a incidência de cesarianas e, consequentemente, a taxa de infecção hospitalar, haja vista que os partos normais oferecem menor risco de contaminação, além de auxiliarem na amamentação.

“Antes, as mulheres tinham o parto em casa, com alguém da família segurando a sua mão, dando todo suporte psicológico. Hoje, a mulher vai para o hospital, onde é atendida por profissionais qualificados, porém desconhecidos. A doula vem para complementar a atuação da equipe médica, para acompanhar a gestante no ambiente hospitalar e deixá-la mais tranquila e segura”, esclarece a assessora da Diretoria Assistencial da Fhemig, Gisele de Lacerda Chaves  Vieira. “O trabalho da doula faz parte da politica de humanização da assistência à parturiente”, acrescenta.

A aposentada Maria da Consolação Guerra Cassimiro, de 58 anos, é um bom exemplo da motivação que leva as mulheres a realizar esta importante atividade. Depois de 39 anos de trabalho, nove dos quais na Maternidade Odete Valadares, a técnica em enfermagem, mãe e avó decidiu tornar-se doula três anos após a aposentadoria.

Hoje, ela já conta com dois anos de relevantes serviços prestados à causa da humanização do parto, tendo acompanhado mais de uma centena de mulheres antes, durante e após o nascimento de seus bebês.

“O que me motivou foi o amor pela vida. Como eu sempre trabalhei na obstetrícia, aproveitei a experiência e me dediquei ao trabalho de doula. Se você não ajuda os outros, a vida não tem sentido. É muito gratificante entrar na sala de pré-parto e ouvir as gestantes dizerem ‘olha o anjo aí’”, conta.

A operária Joyce Camila Soares, de 21 anos, se prepara para ter seu primeiro filho. Em trabalho de parto, ela conta com a assistência da doula Maria da Consolação. “Ela me deixa muito tranquila, faz massagens e conversa comigo”, diz.

Maria da Consolação destaca ainda que a doula trabalha a autoestima das mulheres, fazendo com que se sintam protegidas. “Com o nosso apoio, elas têm à sua disposição alguém que está ali para apoiá-las”, enaltece.

O trabalho da doula é defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, sendo praticada por um número crescente de instituições de saúde pública que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo após a lei federal nº 11.108, de abril de 2005, também conhecida como “Lei do Parto”, que garante às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto e pós-parto.

Contato humano

Uma das pioneiras do trabalho de doula na Maternidade Odete Valadares, a aposentada Esther Cahen Kac, de 71 anos, sempre foi atraída pelo contato com as pessoas, principalmente crianças. Há cinco anos, ela descobriu a atividade das doulas.

“Eu lamentei não conhecer este trabalho antes. Ser doula é estar em contato com o princípio da vida. As pessoas devem se dar a oportunidade de conhecer este trabalho porque, muitas vezes, não se dão conta do papel da mãe. Eu sou uma entusiasta deste trabalho”, revela.

A também aposentada Célia Policarpo Xisto, de 68 anos, é ainda mais enfática ao falar da função exercida pelas doulas. “É um trabalho que requer muito envolvimento. A pessoa tem que ter muita disposição para ajudar. No trabalho de parto, as mulheres ficam muito carentes. A doula é também uma confidente, uma amiga que dá carinho e atenção”, pontua.

Segundo a enfermeira e coordenadora das doulas da Maternidade Odete Valadares, Adriane de Carvalho Oliveira, o papel destas mulheres é estar ao lado das pacientes. “Elas falam a língua delas. Às vezes, nem precisa dizer muito com palavras, basta ouvi-las e segurar as suas mãos. Isto tem um efeito muito grande para o bem-estar das parturientes”, destaca.

Enfermeira e coordenadora das doulas do Hospital Júlia Kubistchek, Luzia Maria da Silva Ventura, ressalta que as doulas estão preparadas para oferecer um cuidado diferenciado, “100% voltado para a mulher”, assegura.

Formação das doulas

Para se tornar doula comunitária, basta ser mulher, maior de 18 anos, ter disposição para cuidar das grávidas e parturientes, além de disponibilidade para atuar por 12 horas, uma vez por semana.

Para atuarem, as doulas são treinadas em curso específico para a sua formação. Em Belo Horizonte, a divulgação do curso se dá através de cartazes afixados nos Centros de Saúde de todas as regionais da cidade. As turmas são compostas por 20 a 30 participantes e são geridas pela Rede Cegonha.

“Por conta dos benefícios, queremos agregar mais doulas às maternidades”, ressalta a assessora da Fhemig Gisele Vieira.

É importante salientar que as atividades das doulas não se confundem com o trabalho técnico dos profissionais das equipes de obstetrícia que prestam assistência às parturientes, dado o caráter altamente especializado deste trabalho.

Parto humanizado

Além das doulas, a Fhemig mantém equipes multidisciplinares para acompanhar todas as fases da gravidez. Na maternidade Viva Vida, em Juiz de Fora, no Sul de Minas, a gestante já é acolhida durante o período pré-natal.

A cada três meses, assistentes sociais e psicólogos apresentam a proposta do parto mais humanizado a grupos de mulheres e são agendados encontros para esclarecer todas as dúvidas das gestantes. “É a primeira instituição pública do município a oferecer este tipo de abordagem”, conta a enfermeira obstetra da maternidade, Andréa Dias Silva Kingma Lanziotti.

Mas, o maior foco da maternidade está no trabalho de parto feito pelas enfermeiras obstetras. Na maternidade, as mulheres em trabalho de parto participam de musicoterapia (elas escolhes as músicas que preferem ouvir) e de sessões de massagens para relaxar. Também há atividades com chuveiro, bola e trupper - uma espécie de banquinho - que ajudam a aliviar a dor e favorecem o conforto do bebê.

“Muitas mulheres temem o parto normal e temos trabalhado para mudar esta cultura. Acolhemos a mulher para que o momento mais nobre da sua vida seja cultivado”, destaca Andréa.

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