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Meio Ambiente

19h58min - 22 de Novembro de 2010 Atualizado em 10h49min - 01 de Julho de 2013

Seminário discute aplicações da escória de aciaria e questões mercadológicas

BELO HORIZONTE (22/11/10) - O segundo dia do Seminário Internacional - Aplicação de Escória de Aciaria, realizado dentro da Semana Mineira de Redução de Resíduos, em Belo Horizonte, deu início a mais uma série de discussões sobre um dos principais resíduos gerados na atividade siderúrgica, a escória de aciaria. Foram destaques, a produção de aço, o mercado e aplicações da escória na agricultura.

A escória de aciaria é um subproduto da produção do aço e é resultado da agregação de diversos elementos que não ficam fora da composição do aço, mas que podem ser aproveitados em outros usos.

A gerente de meio ambiente do Instituto Aço Brasil, Lucila Caselato, apresentou um panorama da escória de aciaria no Brasil. Segundo ela, o parque produtor brasileiro é composto por nove grupos empresariais e 28 usinas, em 10 estados brasileiros. A capacidade de produção de aço bruto é de cerca de 42 bilhões de toneladas por ano, com um faturamento, em 2009, de R$ 76,9 bilhões.

Caselato citou também a geração de resíduos em toda a cadeia produtiva, com cerca de 600 kg de resíduos e coprodutos por tonelada de aço produzido. Em 2008, foram gerados 21 milhões de toneladas de resíduos e coprodutos de aço bruto, sendo que a escória representou 60% dos resíduos gerados. “A gestão de resíduos é abordada hoje pelas empresas como uma forma de permitir vantagem competitiva em seus negócios”, disse. Além disso, ela falou das vantagens técnicas, econômicas e ambientais do uso da escória de aciaria. Assim, seria evitada a disposição desse material em aterros, a emissão de co2 na atmosfera seria diminuída e o consumo de recursos naturais não renováveis também seria reduzido.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Abdias Magalhães Gomes, apresentou o potencial mercadológico da escória de aciaria, das barreiras enfrentadas pelo setor e cobrou a participação governamental. “O governo é parte fundamental em alavancar o avanço do uso da escória de aciaria. Precisamos ter a contrapartida governamental no processo”, ressaltou.

Gomes ainda falou sobre as perspectivas futuras com o desenvolvimento de novas tecnologias e parcerias, a mudança de hábitos e rotinas, a valorização e os benefícios gerados. “O futuro é promissor, com uma grande demanda e custos elevados. Temos um grande desafio em criar parceiras para resolver a questão do aproveitamento da escória de aciaria no Brasil”, afirmou.

O representante da Arcelor Mittal FCE na França, Jean-Marie Delbecq, apresentou a visão internacional da aplicação da escória de aciaria. Ele mostrou alguns usos no Japão, Estados Unidos e Europa. De acordo com Delbecq, as vantagens do uso da escória para alimentação em fornos é a redução significativa do volume de gases de exaustor, a permissão de produção de clinker adicional, a economia de combustível e a redução de aucalinidade.

Resíduos da produção de aço são aplicados na agricultura

À tarde, as discussões foram voltadas ao emprego da escória para a agricultura como fertilizante e corretivo da acidez de solos, o que tem se mostrado uma alternativa viável para esse resíduo. A eficiência e os riscos do uso deste material em lavouras foram discutidos.

As escórias de aciaria são uma das maiores classes de resíduos gerados em usinas siderúrgicas, na produção de aço, e em sua composição estão presentes, essencialmente, o óxido de cálcio, ferro, silício, magnésio, manganês, alumínio, fósforo e enxofre.

O pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Caetano Marciano de Souza, ressaltou, em sua apresentação, que esse material possui elementos essenciais para atender as demandas das plantas, sendo tecnicamente viável o seu uso como corretivo e fertilizante.

Ele também destacou a importância da presença do silício na escória de aciaria. “Esse elemento é benéfico para a agricultura por conferir à planta uma resistência à seca, às pragas e às doenças, o que resulta em maior produtividade”, destacou. Ele complementou dizendo que a maior parte dos solos brasileiros são ácidos, e a escória é também eficaz na correção do solo.

Finalmente, Souza garantiu, ainda, que na escória não há elementos contaminantes em quantidade suficiente para alterar significativamente o solo, não oferecendo riscos ambientais para o terreno nem para os alimentos cultivados. “O uso de escória de aciaria é também agronomicamente vantajoso, devendo ser incentivado, já que apresenta vantagens para todos os segmentos envolvidos”, afirmou.

Experiência japonesa

O engenheiro metalúrgico, Koichi Endoh, gerente do Departamento de Planejamento da Divisão de Cimento e Escória da empresa japonesa Nippon Steel, disse que “o Japão foi o primeiro país a utilizar a escória de aciaria como fonte de silício para a lavoura”. Segundo ele, o produto oriundo da escória é utilizado desde 1981 no país.

De acordo com o palestrante, o fertilizante produzido a partir da escória auxilia no combate a pragas, tem suplemento de minerais, melhora o sabor dos produtos, melhora a acidez do solo e a produtividade. Koichi Endoh afirmou que, no Japão, este tipo de fertilizante já é utilizado, por exemplo, na produção de tomate, arroz, morango, e cenoura.

O engenheiro também destacou que a legislação japonesa criou critérios para o uso das escórias de aciaria e afirmou que todos os produtos oriundos desse material devem estar certificados. A legislação japonesa também incentiva a compra de produtos ecológicos e, dentre a listagem elaborada pelo governo, oito são produzidos a partir de escória. “A principal destinação da escória de aciaria no Japão ainda é a construção civil. Apenas uma pequena porcentagem é destinada à produção de fertilizantes”, afirmou Koichi Endoh.

Semana Mineira de Redução de Resíduos

A Semana Mineira de Redução de Resíduos acontece em conjunto com a Semana Europeia de Redução de Resíduos, de 20 a 28 de novembro. Confira toda a programação no site www.minasmenosresiduos.com.br.

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