ARAXÁ (24/08/11) - Nessa terça-feira (23), primeiro dia do VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, que está sendo realizado em Araxá (MG), duas palestras apresentaram o cenário mundial e nacional da cafeicultura para um público de cerca de 500 pessoas, entre pesquisadores, técnicos, estudantes e interessados.

O diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Dauster Sette, falou sobre o crescimento do consumo de café nos mercados tradicionais e nos países produtores entre 2000 e 2010. O Reino Unido, por exemplo, registrou aumento de 2,9%, revelando uma mudança de comportamento, na medida em que o tradicional chá vem cedendo lugar ao café. Já nos Estados Unidos, o crescimento de 1,5% demonstra o bom resultado dos cafés especiais.

Países produtores seguem a mesma tendência. O Brasil registrou crescimento de 3,8%, a Indonésia chegou a 7,2%, números puxados pelo aumento do consumo no mercado interno. Países emergentes também vêm se destacando no consumo. A Rússia cresceu 7% no período, seguida da Austrália, com 5%, da Coréia do Sul, com 3% e Argélia, com 1,2%.

Diante disso, Sette destacou que “os preços não devem ter impacto significativo no consumo dos mercados internacionais”. Além disso, “os picos de preços são causados por falta de estoque, não por baixa oferta do café”. O site da OIC - www.ico.org - tem mais informações sobre o mercado internacional do produto.

O presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, apresentou as pesquisas, políticas públicas, desafios e oportunidades do agronegócio café no Brasil. O cenário foi discutido a partir da realidade das principais regiões produtoras do país, destacando as particularidades de cada uma, assim como os aspectos necessários para desenvolver aquelas menos competitivas.

Além do que se faz atualmente em termos de pesquisa, o grande desafio, na opinião de Mesquita, é criar políticas públicas diferenciadas para cada região, melhorar os sistemas de produção e garantir um preço mínimo para o café, “com base no tripé custos, mecanização e produtividade”. A qualidade do café brasileiro e a diferença entre o consumo interno e externo também foram abordados na palestra.

“Há muitos desafios nessa nova fase da cafeicultura, com preços atraentes e a oportunidade de buscarmos, junto ao governo federal, políticas que garantam renda ao produtor em médio e longo prazo, bem como um mercado futuro”, ressaltou.

Trabalhos orais e sessão de pôsteres

Também foram apresentados, no primeiro dia do evento, trabalhos sobre avaliação de clones de café, caracterização molecular da interação cafeeiro/bicho mineiro, poda de cafeeiros irrigados e não irrigados sob diferentes sistemas de plantio e produtividade do café conilon com uso da poda programada de ciclo.

O pesquisador da Epamig, Elifas Nunes de Alcântara, avaliou os efeitos de diferentes métodos de controle de mato nas entrelinhas do cafeeiro, de 2008 a 2010. O estudo realizado em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, avaliou os efeitos de diferentes sistemas de manejo do mato, com a cultivar Paraíso (MG2).

Elifas explicou que a competição de plantas daninhas do cafeeiro afeta a produção: “A entrelinha sem capina sempre apresentou menor produção”. Alguns dos tratamentos testados na entrelinha foram roçador, grade, capina e herbicidas.

Já a sessão de pôsteres reuniu mais de uma centena de trabalhos, divididos em cinco focos temáticos do Programa Pesquisa em Café, do Consórcio Pesquisa Café: Diagnóstico e Informação para Formulação de Estratégias e Políticas; Otimização dos Sistemas de Cultivo; Difusão e Transferência de Conhecimentos, Tecnologias e Informações; Sistemas Agroecológicos ou Orgânicos; Usos Alternativos para Resíduos e Subprodutos do Café.

O VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil termina nesta quinta-feira (25). A programação completa por ser acessada no site http://www.simposiocafe.sapc.embrapa.br/. O evento é uma realização do Consórcio Pesquisa Café, com organização da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) e co-organização da Embrapa Café.