MONTES CLAROS (18/10/11) - O Encontro Regional do Norte de Minas foi encerrado nesta terça-feira (18), em Montes Claros. O evento alinhou as estratégias do Governo de Minas para a região com as demandas da sociedade civil organizada. Mais de 150 organizações não-governamentais apresentaram suas reivindicações e definiram, dentro das propostas governamentais, prioridades para serem implementadas. A definição das duas ações mais importantes nas dez redes de discussão resultou em um caderno de prioridades estratégicas regionais.

Na rede de educação e desenvolvimento do capital humano as prioridades são aproximar as escolas das famílias e incorporar a comunidade à escola, estimulando a interação de diretores e professores com os pais e alunos; e também melhorar a acessibilidade das escolas, a modernização dos instrumentos tecnológicos e a capacitação dos profissionais da educação básica.

No atendimento à saúde, o foco principal é expandir e aprimorar as redes de atenção à saúde, com prioridades para as redes de urgência e emergência e redes da mulher e da criança; e também ampliar e fortalecer os hospitais regionais e os novos centros de atenção especializada.

E na rede de defesa e segurança, as demandas selecionadas buscam consolidar as ações das polícias Militar e Civil, Defensoria Pública, Sistema Prisional e Socioeducativo e Corpo de Bombeiros Militar, e também consolidar e disseminar projetos focados na prevenção da violência e dos sinistros do meio urbano, particularmente nas áreas de maior risco e vulnerabilidade social.

Além destas, outras sete redes também selecionaram suas prioridades: Cidades; Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Econômico Sustentável; Desenvolvimento Rural; Desenvolvimento Social e Proteção; Identidade Mineira e também Infraestrutura. O encontro faz parte de um projeto-piloto estratégico para o Governo: o Estado em Rede, idealizado para viabilizar o modelo de Gestão Para a Cidadania – que busca integrar a sociedade no planejamento das ações do Estado.

Vindos de diversas microrregiões do Norte do Estado – muitas delas distantes centenas de quilômetros de Montes Claros – integrantes das organizações não-governamentais estavam satisfeitos em participar das discussões. Palavras como esperança, cidadania e trabalho pontuaram os dois dias de depoimentos, dentro e fora das salas de debate.

Fortalecer projetos

A irmã Suely Gomes Nunes, que integrou a Rede de Desenvolvimento Social e Proteção, veio de Jaíba para participar do encontro com um objetivo: somar esforços para melhorar as condições de vida da população carente da região Norte. Integrante da Associação Jaibense de Apoio ao Menor, que atende 240 crianças, ela mostrou entusiasmo com a oportunidade de definir as prioridades de investimentos para a região. “Nós mantemos cursos de formação e de geração de renda na associação, e precisamos de apoio. A maioria das pessoas que estão aqui acredita que é possível buscar melhorias para os trabalhos que são desenvolvidos”, disse.

Do Vale das Cancelas, distrito de Grão Mogol – a 180 km de Montes Claros – Nalzira de Almeida Cardoso elogiou a oportunidade de trazer as demandas de sua localidade para dentro da discussão em Montes Claros. “A gente se sentia fora das decisões do Governo e agora pudemos discutir nossas prioridades. Nós moramos à beira da estrada, e enfrentamos muitos problemas de drogas com os jovens. Nossa preocupação é fortalecer o trabalho social que realizamos para afastar a comunidade do perigo das drogas e da prostituição”, explicou ela, que é integrante da Associação Comunitária Unidos Venceremos, e participou da Rede de Educação e Desenvolvimento do Capital Humano.

Além da escolha de duas prioridades entre as estratégias propostas, foi eleito um representante por rede, e até dois suplentes, que irão acompanhar as ações governamentais na região. O passo seguinte é a formação de um fórum de discussão, que inclui, além da presença desses representantes eleitos, a participação dos membros do Comitê Regional de Governo e outros atores estratégicos, como universidades e outras entidades importantes para o Norte de Minas. O fórum do Norte de Minas deve acontecer entre o final de novembro e o início de dezembro de 2011.

Diversidade contemplada

Na avaliação do subsecretário de Planejamento, Orçamento e Qualidade do Gasto, André Reis, a representação das entidades presentes foi bem descentralizada, o que permitiu contemplar toda a diversidade das microrregiões do Norte do Estado. “Dois temas me chamaram a atenção: a agricultura familiar e a prevenção às drogas, tema que apareceu tanto no grupo de educação quanto desenvolvimento social e também na rede de segurança. Foram temas recorrentes bastante comentados nos debates”, afirmou.

Para a ouvidora-Geral do Estado, Célia Barroso, a regionalização das estratégias do Governo, a partir das definições da sociedade civil, é a forma mais eficiente de se buscar soluções efetivas para os problemas do Estado. “Aqui no Norte de Minas aproximamos a equipe do governo dos representantes da sociedade, num diálogo direto, franco e muito produtivo. Essa é a melhor maneira de estabelecer políticas públicas: ouvir o que os representantes têm a dizer e implementar as prioridades definidas por eles”.

O modelo de Gestão Para a Cidadania foi elaborado a partir das diretrizes que integram o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), que traça metas para desenvolver o Estado até 2030.