As obras são de pequeno porte, mas com grande impacto social. É assim que os gestores municipais do Centro Oeste de Minas avaliam as ações do programa Travessia Social, do Governo do Estado, que tem o objetivo de promover a inclusão social e produtiva através de uma série de ações articuladas. O resultado dessas ações já pode ser percebido pela população de municípios como Piracema e Santana do Jacaré, que assinaram convênio com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) há três anos.

Em Piracema, a 110 km de Divinópolis, os moradores do povoado de Paciência comemoram a melhoria das condições da estrada rural que corta a região e que é a principal via de acesso a outros povoados e municípios. O calçamento de um trecho íngreme de mais de um quilômetro, com recursos de R$ 252 mil do programa Travessia Social, pôs fim ao pesadelo da população, que tinha que ter mesmo paciência para enfrentar a estrada barrenta nos períodos de chuva.

“Os caminhões de leite atolavam no morro, as crianças faltavam aula porque os ônibus escolares não conseguiam passar. Toda época de chuva era assim” relata Cristiane Freitas, engenheira responsável pelas obras do Travessia Social em Piracema. O produtor rural Roseni Batista de Souza, que mora perto da estrada, testemunhou o drama. “No tempo das águas carro nenhum subia. Quantas vezes eu fui chamado para ajudar a retirar os carros do barro”, conclui.

Impacto psicossocial e na educação

Os investimentos de cerca de R$ 152 mil do programa Travessia na reforma e ampliação da escola municipal doutor José Alves de Andrade, no povoado dos Costas, também em Piracema, humanizou o atendimento aos alunos, professores e funcionários. Cozinha e banheiros foram reconstruídos, a escola ganhou refeitório, espaço exclusivo para biblioteca, sala de informática e, ainda, rampas de acessibilidade para portadores de necessidades especiais. A escola de ensino fundamental é pólo na região e tem 176 alunos. “As mudanças motivaram alunos e educadores”, afirmou a secretária municipal de Educação, Márcia Oliveira.

Outra obra do Travessia Social em Piracema foi a construção do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que beneficia cerca de 750 famílias. O CRAS dá assistência psicossocial a mulheres, crianças, adolescentes e pessoas da terceira idade, além de promover oficinas de artesanato, atividades culturais e de lazer.

“Quando o Estado olha para o município de forma técnica, atende aquilo que a população quer, consegue fazer projetos essenciais ao desenvolvimento social, educacional e econômico do município”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Marísia Lara, destacando o impacto do Travessia Social em cidades pequenas como Piracema, que possui 6 mil e 600 habitantes. “Esta parceria com o Governo de Minas foi fundamental para colocar em prática o nosso plano de assistência social. E o CRAS foi uma grande conquista para a população”, conclui Marísia.

Assistência a idosos e crianças

A construção da sede do Centro Social para a terceira idade de Santana do Jacaré, também no Centro Oeste, deu significado ao dia a dia de idosos como dona Geralda Mendes, de 68 anos, que freqüenta a ginástica, as oficinas de artesanato e grupos de interação. “Eu era uma pessoa muito ansiosa, tinha problemas de insônia e dormia à base de remédios. Depois que comecei a participar das atividades do Centro Social parei de tomar os medicamentos e me sinto mais feliz”, afirma Geralda.

Além do Centro Social, outras ações fizeram diferença na vida dos moradores de Santana do Jacaré: a reforma do Centro de Educação Infantil Dona Mariana Ribeiro, que atende 120 crianças de 3 a 5 anos, e a construção da creche municipal. Essas obras, realizadas com recurso de R$ 380 mil, eram prioritárias para o município de pouco mais de 4 mil habitantes.

Mapa de Privação orienta os investimentos

Segundo a gerente do Projeto Travessia Social, Eliana Cruz, a primeira ação que integra o Programa Estruturador Travessia é realizada no âmbito do Projeto Porta a Porta. “O resultado do trabalho do Porta a Porta é o Mapa de Privação. Hoje, 130 municípios mineiros já têm este mapa traçado, e é ele que nos dá os parâmetros para planejar, em parceria com os gestores municipais, as intervenções”, completa Eliana.

A partir do Mapa de Privações é possível identificar as principais privações relativas ao acesso, da população dos municípios mineiros beneficiados, aos bens e serviços públicos no âmbito da saúde, educação e padrão de vida. “Hoje a intervenção do Estado é mais assertiva, pois temos o nome, endereço, número da identidade e CPF da população em privação. Desta forma, a intervenção do Travessia Social torna-se mais focalizada, uma vez que, por meio do Mapa, é possível identificar os domicílios multidimensionalmente pobres”, informa Eliana.

Em 2011, a Sedese assinou convênios com 44 municípios, com investimentos de R$ 29 milhões e 450 mil. Em 2012, já foram publicados convênios com 43 municípios, e até o final deste ano serão publicados mais 28 convênios, com investimentos na ordem de R$ 38 milhões e 650 mil. Somados a estes municípios, a Sedese também firmou convênios, este ano, com outros 12 municípios mineiros, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A execução das intervenções fica sob a responsabilidade das prefeituras, que são monitoradas online, por meio do Sistema de Gestão de Ações do Travessia (SIGAT), um sistema informacional alimentado pelos gestores municipais, além das prestações de contas ao término das ações e das visitas in loco da equipe técnica da Sedese, que ainda promove capacitações de gestores públicos para a plena realização das intervenções.

O Programa Travessia foi criado em 2008 pelo Governo de Minas e já atendeu um total de 209 municípios. Em 2011, o Travessia foi dividido estrategicamente em seis projetos: Porta a Porta, Travessia Social, Travessia Renda, Travessia Saúde, Travessia Educação e Banco Travessia. A iniciativa também foi reformulada com o novo método de atuação, que inclui a adoção da metodologia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), baseada no Índice de Pobreza Multidimensional, e do diagnóstico realizado pelo Projeto Porta a Porta.