Contemporânea e interativa, dois adjetivos que cabem bem na qualificação da exposição “Antiarte – Microrrevoluções Diárias”, dos alunos de Artes Visuais do programa Valores de Minas. A inspiração para as obras veio de uma frase do filme Edukators, “Todo coração é uma célula revolucionária”. A mostra, a sétima do programa, fica aberta ao público até 30 de agosto no espaço Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes.

Ao todo são 30 obras de 63 alunos, com idades entre 15 e 18 anos. A antiarte é a busca de uma nova relação onde o espectador é convocado a interagir, o que proporciona a oportunidade de uma construção coletiva e inacabada, uma vez que quem assiste sempre pode participar de alguma forma da obra.

A coordenadora do programa, Samira Ávila, explica a exposição como “um olhar contemporâneo dos alunos do Valores de Minas. O jovem escolhe a obra e, a partir daí, se propõe a uma reflexão para seu projeto de vida, a aguçar o senso estético e criar o quer mostrar”. Samira afirma ainda que “as microrrevoluções diárias tem muita ligação com o trabalho do programa, que busca sempre ter novos olhares sobre as pessoas, sobre a arte e sobre a cidadania”.

Carlos Normando, professor desta turma de artistas, espera que consiga provocar revoluções nas pessoas. “Que as microrrevoluções diárias possam realmente acontecer na vida de cada um”. O coordenador de artes visuais explica que “a ideia da mostra começou com a proposta de Hélio Oiticica que define antiarte como uma arte experimental, fora dos padrões convencionais, convidando e provocando à experiência de passar de espectador a participador”. Outro aspecto ressaltado por ele é a ressignificação dos objetos. “Não se trata de um reuso e sim dar aos objetos um novo significado”, definiu.

Brendo Paula, 18 anos, aluno do 3º ano do ensino médio, ousou ser parte da obra que criou. “A intenção é dar vida à obra, a matéria prima da minha arte sou eu e os objetos a minha volta tem o significado que eu enxergo e cada um dá um significado próprio aos objetos”, explicou o jovem artista.

A valorização das palavras foi a temática da obra da estudante Quésia de Jesus. Além de objetos, Quésia vestiu sua obra, um vestido no qual os espectadores podem aplicar palavras, sua contribuição para a peça. “É preciso dar valor às palavras que, como a arte, são figuras de expressão. Quero com minha obra tocar as pessoas de forma que valorizem a palavra”, destacou a aluna.

Lorraine Antonielle, 18 anos, estudante do 3º ano do ensino médio, é uma das artistas que expõem na mostra. A jovem já fazia aulas de desenho e seu contato com o mundo artístico foi potencializado com as aulas no Valores de Minas. “Na arte eu encontrei meu caminho. Hoje posso dizer que sou uma pessoa diferente, melhor”, ressaltou Lorraine. Sua amiga, Joyce Felipe, que é aluna no Plug Minas, confirma o amadurecimento da jovem depois do contato com o programa, “Lorraine sempre foi ligada em arte, mas com as aulas no Valores está cada vez mais decidida a seguir nesse caminho”, explicou Joyce.

“A arte realmente tem um poder de transformação, trouxe mais responsabilidade. O Valores contribui na formação do caráter do meu filho”, avaliou Anália Soares, mãe do artista, Gabriel Soares.

Bianca Azevedo, 15 anos, aluna do 1º ano do ensino médio, também recebeu vários elogios da mãe, Joana D’Arc Azevedo Venancio. “No Valores, Bianca teve a oportunidade de ter novos conhecimentos e se tornar uma pessoa melhor. Fico orgulhosa de sua participação nesta exposição”, definiu Joana.

A mostra é realizada todos os anos, sempre aberta ao público, como oportunidade para que alunos, ex-alunos, estudantes, familiares possam conhecer e interagir com obras e instalações criadas pelos alunos do Programa ao longo do primeiro semestre, nas oficinas de Artes Visuais.

Valores de Minas: arte, cultura, cidadania

O Valores de Minas é um programa do Servas e Governo de Minas com o apoio do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Cedca, por meio do Fundo para a Infância e Adolescência – FIA e oferece, a cada ano, a mais de 500 jovens de 14 a 24 anos, estudantes de escolas públicas da rede estadual, oportunidades de crescimento pessoal e formação cidadã, por meio de atividades e experiências em teatro, circo, música, dança, artes plásticas. Também constam do currículo aulas de história da arte, literatura, ética e cidadania.

Em 2011, o programa recebeu 570 jovens, sendo 500 participantes do Módulo 1, selecionados entre 2.391 inscritos. O programa tem ainda capacidade multiplicadora. Ao final de cada ano, o Programa recebe, no Módulo II, cerca de 70 jovens que se destacaram no ano anterior, para a ampliação de experiências visando a formação de monitores e artes cênicas e música, tornando-os multiplicadores de sua experiência em suas escolas e comunidades. Em 2012, o programa recebeu mais de 3.500 inscrições, destas foram selecionados 500 alunos para o módulo I. O módulo ll teve 71 participantes selecionados e outros 20 alunos participam de um projeto experimental, totalizando 591 participantes.

Para participar os alunos recebem uniforme, vale-transporte, lanche e almoço. Durante o ano, as atividades são dividas em três etapas. Na primeira, os alunos frequentam as cinco oficinas de artes oferecidas; na segunda, escolhem a área de maior interesse e, na última criam e apresentam um espetáculo que integra todas as linguagens vivenciadas.

O espetáculo, apresentado ao final de cada ano, tem a participação dos alunos em todas as fases, desde a elaboração do roteiro, trilha sonora, produção do cenário, figurino e adereços, além de atuar. Até 2011, foram apresentados sete espetáculos, aplaudidos por mais de 25 mil pessoas, elogiados pelo público e crítica: “Delírio Barroco”, “Estrada dos Sonhos”, “Opara”, “Sempre Alegre Miguilim”, "Metrópole", “O Herói e a Armadura” e “A Lira e o Tambor”, sétimo espetáculo do programa Valores de Minas, foi assistido por mais de 4.000 pessoas.

Serviço:

Exposição Valores de Minas 2012 – “Antiarte - Microrrevoluções Diárias”

Data: De 16 a 30 de agosto

Abertura – Apresentação de coral formado por ex-alunos com a música "Canto de um povo de um lugar", de Caetano Veloso, às 19h.

Exposição – De terça a sábado, de 9h30 às 21h; domingo de 16h às 21h.

Local – Palácio das Artes, avenida Afonso Pena, 1.537, Centro – Espaço Mari’Stella Tristão