Todo ano, quase 300 mil estudantes da rede estadual de ensino, que residem em zonas rurais, utilizam o transporte escolar para chegar às escolas. Além de financiar a maior parte da manutenção e custeio do transporte, o Governo de Minas busca conhecer melhor as estradas nas quais trafegam os estudantes, com o objetivo de otimizar rotas, eliminar dificuldades, diminuir custos e aumentar o conforto dos alunos. Nesta terça-feira (7), durante o 30º Congresso Mineiro de Municípios, foi apresentada aos prefeitos a metodologia do projeto, que objetiva fazer o diagnóstico do transporte escolar rural em Minas.

Coordenado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), vinculado à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sectes), o diagnóstico propõe o estudo e a identificação das rotas de transporte escolar nas áreas rurais. Por meio desse diagnóstico, os pesquisadores vão obter a localização georreferenciada de cada um dos alunos da rede pública, de suas escolas e, assim, determinar a rota utilizada para o deslocamento.

Os dados ficarão disponíveis em um sistema digital, o Sistema de Informações Geográficas (SIG), que vai ajudar prefeitos a conhecer melhor a realidade do transporte escolar em suas regiões e orientar a Secretaria de Estado de Educação (SEE) sobre quais são os investimentos necessários para otimizar as rotas, quais os veículos mais adaptados a cada região e sobre o cálculo de custeio mais adequado para cada município.

“Com esse diagnóstico saberemos a quantidade de alunos transportados, o tamanho de cada frota e as condições de cada veículo. Dessa forma, poderemos fazer uma gestão de maior qualidade, reduzir custos, reduzir o tempo do aluno na estrada e aumentar a segurança desses estudantes. Esse instrumento permitirá uma gestão mais transparente do transporte escolar”, ressalta a secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola.

Inicialmente, o estudo abrange 250 municípios que servirão de modelo para a implantação do sistema em todo o Estado. O diagnóstico será feito por regiões e a expectativa dos pesquisadores é de que até o fim deste ano toda a região Norte de Minas já esteja mapeada e em três anos o diagnóstico seja concluído.

Os primeiros municípios foram selecionados a partir da observação de critérios estatísticos que levaram em conta pontos como área, população e alunos transportados na rede estadual. O objetivo foi definir um grupo bastante diversificado de municípios, com realidades diversas, como aqueles com grande extensão territorial, com grande número de escolas, com rotas variadas, entre outros.

O projeto é uma iniciativa da SEE, que negociou recursos para o trabalho junto Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No total, serão investidos, até o final dos trabalhos, cerca de R$ 12 milhões. O diagnóstico será desenvolvido por pesquisadores da Escola de Engenharia da UFMG, em parceria com o IGA. A meta é ampliar o diagnóstico para os mais de 840 municípios mineiros que utilizam o transporte escolar.

Anualmente, o Governo de Minas repassa aos municípios verba de manutenção e custeio para o transporte de estudantes residentes em zonas rurais. Em 2013, o valor do repasse será de R$196,6 milhões em recursos estaduais. Além disso, este ano também serão doados aos municípios 250 veículos de transporte escolar. Em 2012, já haviam sido doados 379 veículos.

Trabalho de campo

Para identificar a localização dos alunos e as estradas disponíveis para o transporte escolar, o sistema utiliza a base cartográfica do IGA, mas também será necessário fazer visitas a todos os municípios para identificar as rotas. A partir de maio, pesquisadores da UFMG vão iniciar as visitas em três municípios mineiros, que vão dar a base para o projeto piloto.

São eles: Governador Valadares, Congonhas e Itamonte. Nesses municípios, os pesquisadores vão identificar as rotas usadas no transporte escolar, além de cadastrar estradas que não constam da base de dados do Instituto. Todas as informações serão cadastradas no SIG.

“Inicialmente, os técnicos vão examinar as rotas escolares, cadastrar as condições das vias e analisar a frota. Além disso, vão conhecer os problemas que o transporte escolar enfrenta, como a época das chuvas, por exemplo”, ressalta o coordenador geral do projeto, Nilson Tadeu Ramos Nunes.

A partir do sistema será possível atuar em três frentes no intuito de melhorar o transporte escolar em Minas Gerais. A primeira é a otimização das rotas, uma vez que, conhecendo melhor os caminhos, será possível determinar se a rota utilizada é, de fato, a mais adequada para cada região.

A partir do sistema será possível, também, definir o custo por aluno de forma mais adequada à realidade de cada município. O terceiro ponto sobre o qual será possível avançar a partir dos dados gerados pelo sistema é a frota. Será possível verificar quais os veículos mais adequados para cada rota e a qualidade da frota que vai prestar o serviço em cada município.

Uma vez finalizado o projeto, todos os dados ficarão disponibilizados como produto em um site público, acessível pela internet. Esse site vai conter imagens em 3D de Minas Gerais disponíveis no software Google Earth Enterprise. A partir desse sistema, cada prefeito poderá acessar o chamado Geoportal MG3D com seu login e senha e, junto com os gestores municipais e os prestadores de serviços, fazer o estudo dos trechos para a definição da melhor rota a ser percorrida naquele município.

Nesta terça-feira (7), os prefeitos terão a oportunidade de conhecer o sistema e irão receber seu login e senha para acesso. O login e a senha também ficarão disponíveis no sitewww.educacao.mg.gov.br/transporteescolar.