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Saúde

08h59min - 18 de Março de 2014 Atualizado em 08h59min

VíDEO: Onda Vermelha do João XXIII tem índice de sobrevida maior que melhores hospitais de trauma

Taxa de sobrevida dos casos de risco de morte atendidos no HPS é de 36%, número bem maior que o percentual dos melhores hospitais de trauma do mundo, com 20%.

Quatro minutos ou 240 segundos. Este é o espaço de tempo que pode separar vida e morte em condições clínicas extremas. Nessas circunstâncias, ao longo dos últimos três anos, 79 pessoas se recuperaram s após darem entrada, em estado gravíssimo (in extremis) na sala de emergência, mais conhecida como “Onda Vermelha”, do maior hospital de trauma da América Latina, o Hospital João XXIII (HJXXIII), da Rede Fhemig.

A taxa de sobrevida dos casos de risco iminente de morte atendidos pelo HJXXIII fica em torno de 36%, número significativamente maior que o percentual apresentado pelos melhores hospitais de trauma do mundo, cujos pacientes in extremis têm uma sobrevida em torno de 20%.

Agilidade e competência asseguram a efetividade da Onda

Em agosto de 2012, o estudante Guilherme Abras Frauche foi um dos seis pacientes atendidos pela “Onda Vermelha” naquele mês. Baleado no coração e pulmão direito após uma tentativa de assalto, o jovem, de 22 anos de idade, deu entrada no HJXXIII, em estado de quase morte. Em menos de um minuto, Frauche já se encontrava no Centro Cirúrgico para uma cirurgia de emergência. No dia seguinte, o estudante dava sinais de que iria se recuperar, o que de fato aconteceu 20 dias depois.

Ao se recordar do período em que ficou internado no HPS, Guilherme faz questão de sublinhar o grau de importância que a equipe da sala de emergência tem em sua vida. “Tenho uma gratidão enorme pelos médicos e por toda a equipe do Hospital João XXIII que me atendeu naquela noite. Penso no João XXIII com muita frequência. Já retornei ao hospital algumas vezes, para rever as pessoas que me ajudaram”, revela.

O cirurgião geral Leonardo Belga Ottoni Porto estava de plantão na noite em que Guilherme chegou ao hospital e foi o responsável por sua cirurgia. Em recente reencontro com o rapaz e seus pais, a emoção tomou conta de todos. “O sucesso que temos em momentos como aquele é que nos fazem ter certeza de que estamos no caminho certo”.

Leonardo Porto atua no HPS desde 1997 quando ainda era médico residente. Para ele, o grande diferencial do HJXXIII está no fato de a maioria dos cirurgiões ter sido residente do hospital. “O amor que temos pelo João XXIII faz com que permaneçamos após concluir a residência. Sentimos como se fossemos uma grande família. Há uma identificação profunda com a instituição”, revela.

O engenheiro Gonçalo Frauche e sua esposa Andréa Abras Frauche fizeram questão de conhecer o médico Leonardo Porto para expressar sua gratidão por ele ter salvado a vida do filho Guilherme. O casal destacou a competência e a dedicação do médico e dos demais profissionais do hospital. “Vocês são plantadores de sementes. É necessário plantarmos sementes para que os frutos floresçam”, pontuou o engenheiro ao se referir à alta qualidade dos serviços prestados pela instituição pertencente ao Sistema Único de Saúde.

Assim como no caso de Guilherme, a agilidade no deslocamento e o imediato atendimento no HPS foram cruciais para que a vida da estudante Janaína das Dores Silva Resende, de 14 anos de idade, fosse salva após um acidente que envolveu um ônibus escolar e um trem na cidade de Entre Rios de Minas, em junho de 2011.

Vítima mais grave da tragédia que matou três pessoas e feriu outras 35, Janaína foi considerada morta ao ser atendida em um hospital da região logo após a colisão. Quando constatado que a menina estava viva, ela foi imediatamente transportada de helicóptero para o Hospital João XXIII. Após se submeter a uma cirurgia de alto risco, Janaína ficou sob os cuidados da equipe do Hospital Infantil João Paulo II e saiu de lá três meses depois para retomar sua rotina de estudante do ensino fundamental.

A mãe de Janaína, a lavradora Marlene Conceição da Fonseca Silva, atribui a recuperação da menina, que ela chama de milagre, a dois fatores. Primeiro a São Sebastião, protetor das pessoas feridas. “Ela tinha uma medalhinha do santo pendurada na mochila”, conta Marlene. Em segundo lugar, ao atendimento que a filha recebeu dos profissionais dos dois hospitais. “Eles devolveram a vida para a minha filha, trouxeram ela de volta para nós”, faz questão de ressaltar.

Principais causas de atendimento na Onda

No ranking das causas de entrada em situação de “Onda Vermelha”, ocupa o primeiro lugar os politraumatismos decorrentes de colisões automobilísticas que respondem por metade dos casos, seguidos pelos ferimentos por arma de fogo (30%) e por arma branca (15%).

O Protocolo “Onda Vermelha”, que neste ano completa 10 anos de implantação, foi criado em 2004, como resultado da experiência adquirida, ao longo dos anos, pelos profissionais do HJXXIII que atuam na assistência aos pacientes vítimas de traumas muito graves e que se inquietavam com a alta mortalidade apresentada por estes pacientes atendidos na unidade hospitalar. Além disso, a “Onda” também visa garantir condições adequadas de trabalho e segurança para a equipe envolvida nesta modalidade de assistência (cirurgiões, residentes, anestesistas, profissionais da enfermagem e do banco de sangue).

Histórico

A “Onda Vermelha” consiste na adaptação à realidade do HPS do protocolo internacional, criado em 1986, pelo cirurgião norte-americano especialista em trauma, Kenneth Mattox, denominado “Manobra de Mattox” que preconiza a realização de toracotomia (abertura cardíaca), com abordagem direta ao sangramento.  A adaptação se deu porque a aplicação da manobra, da forma como foi originalmente concebida, se mostrou ineficaz quando aplicada à realidade brasileira, devido à demanda intensa a que é submetida a sala de emergência dos hospitais nacionais (particularmente a do Hospital João XXIII) que requer extrema agilidade de ação.

Sala exclusiva

Em congresso realizado, no ano de 1999, pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) em que estava presente o próprio Mattox, o médico cardiologista do Hospital João XXIII e atual diretor do MG Transplantes, Charles Simão Filho, conversou com ele e percebeu a clara necessidade de se adaptar a metodologia. Isso demandou uma sala exclusiva e equipada no Centro Cirúrgico, com material preparado, anestesista e a disponibilização, pelo banco de sangue, de duas bolsas de sangue O- (sem a necessidade de teste de tipagem).

A Manobra de Mattox consiste na toracotomia, ou seja, a colocação de um clamp na artéria aorta descendente, de forma a dividir o corpo em dois segmentos garantindo, por um período limitado, a circulação do sangue, apenas para o encéfalo, coração e pulmões.

Traumas penetrantes

Originalmente, a Onda Vermelha deveria ser usada apenas para traumas (ou ferimentos) penetrantes. No entanto, com o passar do tempo ela foi adotada também para alguns casos de trauma contuso ou fechado (resultante do impacto do corpo contra uma superfície), como forma de agilizar a intervenção cirúrgica nesses pacientes.

“Hoje em dia, os pacientes são cada vez mais graves, principalmente em razão de acidentes motociclísticos”, afirma o coordenador da Cirurgia do Trauma do HJXXIII e um dos responsáveis pela elaboração dos protocolos em trauma do hospital, Domingos André Fernandes Drumond.

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