Os quatro suspeitos presos pelo envolvimento no roubo de armas da Central de Escoltas da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em Ribeirão das Neves, ocorrido no dia 24 de março, e o papel que cada um exerceu no plano foram apresentados à imprensa pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (23/04), na Divisão de Operações Especiais (Deoesp). Na ocasião, o agente penitenciário Marco Antônio Rodrigues de Oliveira, de 38 anos, confessou ter planejado o roubo do arsenal porque tinha dívidas para quitar. Ele aproveitou a ocasião para pedir desculpas aos colegas e à sociedade.

Os delegados Wanderson Gomes, chefe da Deoesp, e Bruno Wink, responsável pela coordenação da Operação Calibre Restrito, desencadeada para esclarecer as circunstâncias do roubo, explicaram como cada um dos presos participou da ação criminosa e ainda deram detalhes da forma como o plano foi executado. O calmante Rivotril foi o medicamento usado por Marco Antônio para dopar os outros oito colegas que estavam de plantão na Central de Escoltas, na ocasião.

Em seu depoimento, o agente penitenciário Marco Antônio confessou ter planejado o roubo três dias antes e convidado seu irmão Arthur Rodrigues Nogueira, de 23 anos, para participar da execução do crime. O porteiro Washington Luiz Soares, de 48 anos, é quem estaria negociando a venda das armas. O suspeito Wanderley Metzker, de 45, teria comprado uma delas.

Passo a passo

No domingo em que aconteceu o crime, Marco Antônio foi trabalhar em seu carro. Por volta das 14h, o irmão dele, Arthur, foi à Central de Escoltas de moto, trocou de veículo com o agente e foi embora. Somente após receber uma ligação de Marco Antônio, utilizando a senha “a mãe tá bem?”, por volta das 23h, é que Arthur retornou ao local.

Ele parou o carro a certa distância da Central de Escoltas e se aproximou a pé. O agente penitenciário conta que naquele momento os colegas já haviam ingerido a salada de frutas com o Rivotril e estavam dopados, o que possibilitou a sequência do plano.

 Marco Antônio repassou as armas para o irmão, que usou um saco de linhagem para transportá-las até o veículo. Ele conta que foi preciso fazer dez viagens para levar todo o arsenal e que toda a ação durou, aproximadamente, 40 minutos.

O Rivotril usado era o da forma de comprimido, medicamento de fácil acesso para o agente penitenciário, que faz uso constante do calmante. Ele disse que colocou o remédio nas porções individuais de salada de frutas que serviu aos demais agentes de plantão, misturado com leite condensado e leite em pó.

Exames e laudos

O exame feito pelo Instituto de Criminalística na salada de frutas que não chegou a ser servida apresentou resultado negativo, confirmando a versão do agente de que o remédio foi colocado apenas nas oito porções servidas. Marco Antônio teve ainda o cuidado de eliminar todos os vasilhames que foram usados para servir os colegas. Já o resultado dos exames de sangue e de urina dos agentes está previsto para ser entregue pelo Instituto Médico Legal (IML) ainda no decorrer desta semana.

Das 45 armas roubadas, apenas cinco pistolas ainda não foram recuperadas. A Polícia Civil já apreendeu 34 pistolas e as seis submetralhadoras que tinham sido levadas, além de carregadores e munições.

Os quatro presos deverão ser indiciados pelos crimes de roubo, formação de quadrilha e porte ilegal de armas de uso restrito. O agente penitenciário foi encaminhado ao Presídio de São Joaquim de Bicas e os outros três presos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.