Elas fornecem polpa de frutas, salgados e doces. Vendem na cidade e até fornecem para escolas públicas. As salgadeiras e doceiras de Campo Azul, no Norte de Minas, foram qualificadas pelo programa Com Licença, Vou à Luta, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). A iniciativa faz parte do Programa Travessia, do Governo de Minas, e busca promover a qualificação profissional de mulheres acima de 40 anos, com baixa escolaridade e que vivem em regiões pobres do estado.

Uma das beneficiadas pela iniciativa é a lavradora Sebastiana da Silva, catadora de pequi. Desde que passou pelo programa, ela vai para a roça levando uma caixa de isopor com sorvetes para vender. “Faço de polpa de mangaba, maracujá, e vende bem”, afirma ela, que aprendeu a fabricar os doces com a equipe do programa Travessia na região.

Os cursos duram um mês e entregam um diploma no final. Em Riacho dos Santos, Maria dos Anjos também comemora a oportunidade. Ela está se formando “salgadeira” pelo programa Com Licença, Vou à Luta. “Eu já tiha um conhecimento de salgados, mas havia muitas coisas que ainda não sabia, e o curso me deu uma boa ajuda para eu aprender mais”, diz.

As disciplinas vão além das aulas práticas, com lições de cidadania, assistência social e direito da mulher. “Ensinamos também noções destes temas para que elas vejam, nesta oportunidade, uma forma de se emancipar e se reconhecer como uma figura importante em sua comunidade e na sociedade”, afirma o psicólogo Luiz Dias Neto.

A líder comunitária Cláudia Rocha concorda. “A partir deste curso, elas descobrem a importância que têm como mulher. Veem que ser mulher não é só cuidar de casa, de marido, de cozinha. Elas podem fazer algo a mais para melhorar sua vida”, destaca.

Em 2012, o projeto chegou a 22 municípios e outros 22 já foram selecionados para este ano. Em Juiz de Fora, Uberlândia, Governador Valadares e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os cursos vão beneficiar mulheres egressas do sistema prisional. Mais de 800 mulheres já foram qualificadas pela iniciativa. Cerca de 150 conquistaram uma nova fonte de renda e mais de 500 retomaram os estudos a partir do programa.

Assista ao lado a reportagem em vídeo sobre o tema produzida pela Agência Minas.