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Trabalho / Social

15h59min - 01 de Junho de 2015 Atualizado em 17h09min

Ações socioeducativas ajudam jovens infratores a ingressar no mercado de trabalho

O suporte psicossocial é o principal foco dos agentes e dos profissionais da área técnica, como psicólogos, pedagogos, professores e terapeutas

Henrique Chendes/Imprensa MG
Atualmente, Marcos Hendrix trabalha como garçom em um restaurante de Belo Horizonte
Atualmente, Marcos Hendrix trabalha como garçom em um restaurante de Belo Horizonte

“Tive a sorte de sair do crime e o crime sair de mim.” É desta forma que o jovem Marcos Hendrix*, 21 anos, analisa os frutos colhidos nos dois anos e três meses de internação no Centro Socioeducativo Santa Helena, em Belo Horizonte. Atualmente, ele trabalha como garçom em um restaurante no bairro de Lourdes, estuda inglês e ajuda no sustento da família.

Marcos Hendrix conta que o centro de internação o ajudou a “organizar” sua vida. “Recebi ajuda para tirar a carteira de trabalho, o título de eleitor, e ainda tive o privilégio de estar com pessoas dispostas e preparadas a ouvir minhas angústias”, frisa.

Graças ao bom atendimento no primeiro restaurante onde trabalhou, em Belo Horizonte, Marcos recebeu o convite de um cliente, executivo de uma grande rede hoteleira, para aprender o ofício na área de alimentos e bebidas em um hotel no Rio de Janeiro. Lá permaneceu por oito meses, mas devido ao falecimento de um parente, retornou para BH. “Os bons profissionais sempre são reconhecidos. Por isso, sempre faço o melhor possível”, conta.

O superintendente de Gestão das Medidas de Privação de Liberdade da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), Bernardino Soares de Oliveira, explica que o suporte psicossocial aos jovens é o principal foco dos agentes socioeducativos e dos profissionais da área técnica, como psicólogos, pedagogos, professores, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e assistentes jurídicos. Mas, segundo Bernardino, a formação profissional, paralela à escolarização, tornou-se prioridade no Sistema Socioeducativo de Minas.

“Em geral, estes jovens chegam com uma grande defasagem escolar e vivem em condições de exclusão social. Por isso, priorizamos o processo educacional e profissional, visando à inserção na escola formal integral e no mercado de trabalho”, explica o superintendente.

Exemplos de superação

Esta é apenas uma das muitas histórias de jovens que cumpriram medidas socioeducativas de internação, semiliberdade ou em meio aberto em Minas Gerais e que tiveram suas vidas transformadas.

Na conquista do mercado de trabalho, há exemplos de internos que tornaram-se microempreendedores, alguns com ganhos de aproximadamente R$ 5 mil por mês. É o caso de Victor Jonhson*, 20 anos, dono de um salão de cabeleireiro em Belo Horizonte desde o início de 2014.

“Quando cumpria a medida de internação, aos 17 anos de idade, fiz um curso de cabeleireiro de três meses. Ao sair do centro, comecei a cortar cabelo de amigos e parentes em casa, depois aluguei um espaço e não parei mais”, relata Victor. Também no Centro Socioeducativo, ele fez um curso de fotografia e concluiu o ensino médio.

Já Wesley Teixeira*, durante a passagem de quase um ano num centro de internação de Belo Horizonte, teve a oportunidade de fazer um curso com duração de seis meses de Aprendizagem Industrial e Processo Administrativo aplicado pelo Senai. A formação lhe valeu um estágio na operadora de telefonia Oi.

Wesley parece ter rompido definitivamente com a tumultuada trajetória anterior, que incluiu uma temporada de mais de um ano foragido depois de cometer o ato infracional. Olhando para frente, ele conseguiu a certificação do ensino médio na prova do Enem de 2014, poucos meses depois de deixar definitivamente o centro de internação, e uma vaga para o segundo semestre de 2015 no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Ele diz que o desejo de estudar pedagogia nasceu dentro do centro de internação. “Vi muitos colegas envolvidos no crime e com um enorme potencial desperdiçado. Talvez, em um futuro não muito distante, eu possa ajudar outros jovens em situação semelhante”, revela Wesley.

Programa Se Liga

Para ajudar jovens no retorno ao convívio social, a Suase implantou o programa Se Liga, que dá continuidade às ações de escolarização e formação profissional dos jovens durante o cumprimento de medidas.

O programa é de livre adesão, sendo que cada adolescente pode escolher de que forma irá participar, considerando os eixos saúde, profissionalização, educação, família, trabalho e renda. Nessa perspectiva, a proposta é que o jovem consiga extrair, da oferta apresentada, uma utilidade que contribua para a sua trajetória fora da unidade socioeducativa e que possibilite novas conexões com a cidade. De janeiro a abril de 2015, o programa Se Liga atendeu 299 jovens e, em 2014, foram 513.

* Foram inseridos nomes fictícios para preservar os jovens.

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