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Gestão

10h50min - 03 de Agosto de 2015 Atualizado em 12h55min

Agência RMBH propõe diálogo para superar desafios

Gestão de Flávia Mourão tem como meta ouvir a população dos 50 municípios para desenvolver a cidadania metropolitana

Carlos Alberto/Imprensa MG
As desigualdades sociais são um dos principais desafios da Agência RMBH, segundo a nova diretora-geral, Flávia Mourão
As desigualdades sociais são um dos principais desafios da Agência RMBH, segundo a nova diretora-geral, Flávia Mourão

Engenheira Civil formada pela UFMG, servidora pública há 31 anos e por três vezes secretária municipal na Prefeitura de Belo Horizonte – Atividades Urbanas, Meio Ambiente e Regional Venda Nova. Esta é apenas parte do currículo de Flávia Mourão, nova diretora-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Agência RMBH), que tem agora a responsabilidade de pensar e propor políticas para desafios complexos que os 50 municípios da região e do colar metropolitano não conseguem enfrentar sozinhos, como o transporte público, saúde e ocupação do solo.

A indicação de Flávia para o cargo foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais no dia 13 de julho. Durante a sabatina dos deputados, a diretora-geral destacou a necessidade de reduzir as desigualdades regionais, com rendas municipais per capita que variam de R$ 2,9 mil a R$ 39 mil. A solução, para Flávia, passa pelo diálogo com a sociedade civil organizada e a sensibilização das prefeituras pela construção de instrumentos de gestão compartilhada.

Agência Minas Gerais – Explique um pouco o papel da Agência RMBH.

Flávia Mourão – A agencia é órgão de articulação que pensa e contribui para a implementação de políticas de estado com os municípios e movimentos sociais que atuam no espaço metropolitano. É essencial a participação dos atores públicos, privados e sociedade civil para o entendimento do que é a cidadania metropolitana e quais as responsabilidades decorrentes. No fim do ano vamos realizar a V Conferência Metropolitana, fórum no qual poderemos colher subsídios e fortalecer pactos para que essa política seja fortalecida.

Agência Minas Gerais – Quais são os desafios para a gestão metropolitana?

Flávia Mourão – Os principais são desigualdades sociais, saúde, transporte público e ocupação do solo pela natureza complexa destes temas. Um munícipio de região metropolitana, dificilmente, tem condições de bancar sozinho o que precisa ser feito em termos de infraestrutura e prestação de serviço porque os desafios ultrapassam as fronteiras. Além disso, soluções pontuais são menos efetivas do que aquelas tomadas coletivamente. É preciso abarcar as vantagens e desvantagens que cada cidade tem. O trabalho da Agência RMBH é promover a integração, desconcentração e compartilhamento dos serviços e políticas oferecidos pelos municípios e pelo Estado no território metropolitano.

Agência Minas Gerais – Como alcançar estes resultados?

Flávia Mourão - É preciso reduzir a dependência em relação à capital, que concentra renda, serviços e população Essa dependência é onerosa para a população dos municípios do entorno, que se vê obrigada a longos deslocamentos para conseguir determinados atendimentos de saúde, por exemplo. Por outro lado, BH não é capaz de controlar o próprio desenvolvimento de forma isolada em relação à região metropolitana. Portanto, gerar crescimento com menos distorções entre as cidades que compõem a região metropolitana é o caminho para promover bem estar para os moradores.

Agência Minas Gerais – Como a Agência RMBH pode contribuir para melhorar a vida de quem depende do transporte público?

Flávia Mourão – Precisamos promover a integração física, operacional, tarifária e institucional do transporte público e investir no planejamento a médio e longo prazos, considerando as responsabilidades dos municípios e do Estado.  O Estado é responsável pela regulamentação do transporte público intermunicipal e, por isso, é capaz de propor normas que efetivem políticas públicas. Neste sentido, entendemos que os itinerários e as tarifas precisam ser reformulados. Quem mora mais distante, acaba pagando caro e gastando muito tempo para concluir seu deslocamento, pois troca três, quatro vezes de ônibus, e isso pesa no orçamento das famílias de baixa renda.  O próximo passo é identificar áreas do transporte público que precisam de investimentos.

Agência Minas Gerais – E para a saúde?

Flávia Mourão – O Sistema Único de Saúdejá contempla a organização e integração dos serviços e estabelece as responsabilidades dos municípios e do Estado. Entretanto, em municípios metropolitanos conurbados,  precisamos estabelecer mecanismos que permitam o compartilhamento dos serviços municipais, ou seja, a possibilidade de que determinados serviços de um município possam ser utilizados por moradores do município vizinho.

Agência Minas Gerais – Belo Horizonte possui poucas áreas disponíveis para novos empreendimentos imobiliários, ao passo que ainda é um polo de atração de moradores. A Agência RMBH tem propostas para atenuar problemas de habitação e ocupação do solo?               

Flávia Mourão – Algumas cidades ainda têm extensas áreas disponíveis para expansão urbana e para abrigar novos empreendimentos, mas não preveem áreas adequadas para moradia destinadas a faixas de renda inferiores; outras cidades têm uma rede de serviços mais qualificada, mas não têm como oferecer áreas para novas moradias. É preciso promover um desenvolvimento territorial mais equilibrado em termos de serviços, moradias e qualidade de vida. Recentemente foi concluída a elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI) e da proposta de macrozoneamento, que deverão nortear os processos de ocupação urbana. O esforço da Agência RMBH é no sentido de criar consensos com os municípios para que as obrigações relativas à ocupação do solo se efetivem.

Agência Minas Gerais – Conte um pouco sobre sua formação política e experiência no serviço público.

Flávia Mourão – Participei, desde a juventude, de movimentos sociais que contribuíram para compreensão da realidade dos que mais precisam do governo. Naquele momento, o Brasil passava por mudanças importantes, como a luta contra a ditadura e a consequente reabertura para a democracia. Acompanhei o processo de reestruturação democrática, de reconhecimento e consolidação de direitos sociais que dessem dignidade aos brasileiros. Na vida pública, trabalhei para afirmar esses direitos, tais como o direito ao meio ambiente equilibrado e o direito de acesso aos benefícios da cidade por seus moradores. Portanto, os valores adquiridos nessas experiências contribuem para indicar as diretrizes do meu trabalho em prol, principalmente, da população excluída.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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