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12h36min - 19 de Setembro de 2013 Atualizado em 13h27min

Alunos com deficiência visitam as dependências do novo Mineirão

Os alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, fizeram uma visita guiada pelos espaços do estádio e conheceram o Museu Brasileiro do Futebol

Divulgação/SEE
Antes de iniciar a visita guiada, grupo tem uma visão geral do Mineirão, que tem 209.000 m² de área construída
Antes de iniciar a visita guiada, grupo tem uma visão geral do Mineirão, que tem 209.000 m² de área construída

O apelido “Gigante da Pampulha” fez todo sentido para 33 alunos com deficiência atendidos na Escola Estadual São Pedro e São Paulo, que fizeram sua primeira visita ao Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, nessa quarta-feira (18). Como parte da comemoração dos 48 anos de existência do estádio, que tem área construída de 209.000 m², os alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, fizeram uma visita guiada pelos espaços do estádio e conheceram o Museu Brasileiro do Futebol.

No dia a dia, a turma frequenta as salas de aula em uma escola regular e é atendida no contraturno na sala de recurso – espaço especialmente destinado ao atendimento de alunos com deficiência. Mas na quarta-feira a história foi diferente. Crianças com os mais diversos diagnósticos – Autismo, Retardo Mental, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down, Paralisia cerebral, entre outros - se sentiram em casa no grande estádio e participaram ativamente da festa.

A diretora da escola Rosane Belico conta que a escola sempre procura ofertar excursões para os alunos. “Eles vão guardar esse momento para o resto da vida. É uma das oportunidades que eles têm de interação com a sociedade. Esses passeios elevam a autoestima deles e nos permitem participar disso”, afirma.

Americanos, atleticanos, cruzeirenses. Não importa a idade ou a condição, todos se encantam com o futebol. E na sala de aquecimento utilizada pelos jogadores antes de cada partida, meninos e meninas conheceram as bolas utilizadas em cada competição. Difícil foi seguir em frente, pois, com a bola no pé, ou rolando no chão colorido e macio com a grama sintética, cada canto do ambiente foi explorado. Wesley Ryan, de 11 anos, aluno do 5º ano do ensino fundamental, ia mais além e já pensava no próximo confronto de que o estádio seria palco. “Tomara que o Fábio venha”, disse pensando no goleiro do seu time do coração. Já Luan Fernandes da Silva, de 10 anos, aluno do 4º ano do ensino fundamental , lembrava do último passeio. “Já fomos ao zoológico. É muito bom sair com os colegas”, enfatizou.

O grupo ainda conheceu o vestiário do time da casa, com os armários onde são deixados os uniformes e os banheiros. Para subir ao gramado, os alunos passaram pela zona mista, local onde time da casa e time visitante se encontram antes de entrar em campo. Muitos subiram as escadas de acesso ao campo gritando o nome de seus times, sentindo-se as estrelas do espetáculo. “O Galo passou por aqui quando ganhou a Libertadores”, celebrava Luan. Depois de verem o campo de pertinho, as crianças ainda estiveram na área de cadeira especial, cadeira vip e vip superior e conferiram a acessibilidade do estádio, que atende as normas e requisitos de acessos para pessoas com deficiência.

A pedagoga e coordenadora da sala de recurso da Escola Estadual São Pedro e São Paulo, Heloísa Pereira da Silva, explica que os benefícios de momentos como a visita são colhidos por muito tempo. “Ainda vamos trabalhar com eles essa experiência na escola, mas adianto que é algo surpreendente para eles e para nós. Alguns pais têm medo de deixar os filhos saírem, mas é uma descoberta muito grande, um ganho de autonomia e segurança para os alunos”. Na sala de recurso também são atendidos alunos de outras escolas da rede estadual da região. A escola atende, no total, 400 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, 40 dos quais têm algum tipo de deficiência.

Superação

Superação e desenvolvimento marcam a inclusão das crianças na escola regular e na sociedade. A diretora Rosane Belico, conta a história de dois irmãos presentes no passeio, Davi e Mateus. Gêmeos e autistas, os meninos ficavam o tempo todo em casa e ainda eram alimentados com mamadeira, mesmo já tendo mais de seis anos. Ao ter conhecimento desta realidade, a direção da unidade foi até a mãe para orientá-la. Hoje, com quase oito anos completos, as crianças são acompanhadas na escola e interagem bem com os colegas e equipe pedagógica.

Dona Ursulina Alves da Silva, aposentada de 68 anos, acompanhou o filho adotivo, Silas – que tem TDAH e retardo mental -, na visita ao Mineirão. Ao chegar ao gramado, ela se emocionou com a lembrança da primeira e última vez que esteve no local – o primeiro clássico disputado no Gigante, ainda em 1965. As lágrimas nos olhos, explicou, são de saudade do falecido cunhado, que foi quem a convidou. Mas lágrimas de alegria também fazem da parte da vida desta mulher, que escolheu se tornar mãe novamente há 10 anos quando Silas nasceu, prematuro de seis meses.

Dona Ursulina conta que os médicos informaram que as complicações sofridas pelo bebê foram provenientes de abuso de álcool durante sua gestação. Ele foi deixado no hospital pela mãe natural e adotado pela aposentada. O menino, que é aluno da Escola Estadual Paschoal Comanducci, onde é acompanhado por uma professora de apoio, é atendido na São Pedro e São Paulo há um ano e meio. A mãe, que tem duas outras filhas já adultas, compartilha a evolução do garoto após a inclusão na escola regular: “Ele é muito agitado, por isso não se concentrava, não tinha interesse nenhum pelas aulas nem se alimentava direito. Mas isso tudo mudou. Eu até chorei quando fiquei sabendo que ele estava lendo e escrevendo. A cada dia ele se supera”.

Estádio aberto para todos

O Museu Brasileiro do Futebol, em funcionamento desde o mês de março deste ano, está aberto à visitação de terça a sexta-feira e já recebeu mais de 24 mil visitantes desde então. Somente em agosto, quase 7 mil pessoas visitaram a exposição Esfera Coletiva, que apresenta aspectos do universo do esporte dentro de uma perspectiva histórica e cultural.

Thiago Costa, coordenador do Museu, conta que 70% do público visitante são de excursões escolares. “Temos investido na capacitação da equipe para atender os grupos especiais. A médio-prazo teremos intérpretes de Libras [Língua Brasileira de Sinais] e inserção de braile nas exposições, para que todos possam compreender”, informa. Costa ainda adianta que novos espaços estão sendo preparados no Museu, que será expandido. “A sala do ABC do Futebol vai ter um caráter mais lúdico”, adianta.

Para outras informações sobre o funcionamento do Museu do Futebol e visita guiada, além da utilização de outras áreas do Mineirão, basta acessar www.minasarena.com.br ou entrar em contato pelo telefone: (31) 3499-4333.

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