Incentivar e divulgar o desenvolvimento de iniciativas que consideram a ecoeficiência em seus processos produtivos. Este é o objetivo do "Banco de Boas Práticas Ambientais na Indústria", programa realizado de forma conjunta pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O Banco leva em consideração as ações de empresas que organizam seus processos produtivos de forma a garantir a menor degradação ambiental, evitar o desperdício, bem como controlar a poluição e aperfeiçoar serviços para uma utilização menos intensiva dos recursos naturais. Uma vez analisados os projetos, o programa reconhece e apresenta as iniciativas como boas práticas ambientais.

De acordo com o gerente de Produção Sustentável da Feam, Antônio Malard, todo o processo para inscrição das empresas é muito simples e prático. Desse modo, quaisquer empresas que desenvolvam iniciativas em qualquer tipologia de atividade econômica podem se cadastrar. Há, sim, um requisito fundamental: que as práticas sejam desenvolvidas no Estado de Minas Gerais.

"Basicamente, a empresa preenche um formulário e encaminha para análise da Feam e da Fiemg. A equipe técnica analisa previamente o conteúdo, verifica se é passível de ser validado e, a partir daí, é organizada uma visita técnica, para constatar o que foi apresentado no projeto", explica.

Depois de verificados aspectos como o retorno ambiental e a ecoeficiência dos projetos, é chegada a fase final, na qual ocorre a emissão de um certificado que atesta a empresa como uma companhia que desenvolveu uma prática inovadora e que busca atingir os padrões de sustentabilidade. Uma referência com o crivo de instituições estaduais que pode dar às empresas não só ampla visibilidade, mas também credibilidade em seus segmentos de atuação.

Abrindo caminho

A primeira iniciativa reconhecida pelo programa propõe o reaproveitamento de rejeitos da mineração. A ação foi submetida pela empresa Minerita - Minérios Itaúna Ltda. -, situada no complexo minerário da Serra do Itatiaiuçu, e foi batizada de Projeto Areia Industrial. A partir do projeto apresentado, a empresa consegue recuperar, anualmente, até 85 mil toneladas de areia, quantidade que corresponde a 13% de todos os rejeitos lançados na barragem da mineradora.

Receber a certificação, afirma o gerente de Meio Ambiente e Jurídico da Minerita, Gustavo Gonçalves, "é o reconhecimento de um trabalho desenvolvido pela empresa que demandou muito estudo e esforço por parte de todos que trabalharam na implementação deste projeto, visando a sustentabilidade, a partir de um novo processo produtivo", ressalta.

Por meio da reutilização de matérias que antes eram simplesmente descartadas no ambiente e que geravam um grande passivo ambiental, foi possível dar uma nova perspectiva para esse quadro e, assim, conquistar a certificação do programa de Boas Práticas Ambientais na Indústria.

"Sabemos que ainda é o primeiro passo, mas a Minerita procura, a cada dia, com estudos e pesquisas, alcançar novas maneiras de reaproveitamento de rejeitos", completa o gerente, que também confirma a existência de novos projetos em andamento. "Quem sabe não possamos, em breve, participar novamente do programa de Boas Práticas Ambientais?", finaliza.

O relatório da iniciativa, feito pela Gerência de Produção Sustentável da Feam, pode ser consultado neste link.

Exemplo a ser seguido

A adoção de práticas sustentáveis, com foco em uma produção mais limpa, como lembra o gerente de Produção Sustentável da Feam, Antônio Malard, é um conceito bastante difundido, mas ainda pouco praticado pelas empresas. Muitas, inclusive, "não conhecem e não enxergam os benefícios das práticas", observa.

A esse respeito, esclarece o gerente, as organizações devem saber que os pontos positivos são muitos. "O principal benefício é a redução de custos, que pode vir acompanhado da geração de uma nova receita", aponta Malard, exemplificando com a iniciativa da Minerita, que aumentou a vida útil das barragens (um dos grandes problemas enfrentados pelas mineradoras) e ainda desenvolveu uma maneira de comercializar o conteúdo que seria descartado.

Somam-se aos benefícios o marketing positivo para a imagem da empresa, as facilidades de financiamento, além do aumento da produtividade, sempre buscado pelas organizações. "Além de promover e divulgar determinadas práticas, é também uma oportunidade para ajudar o setor e trocar informações com outras empresas", conclui Malard.

Passo a passo para se inscrever

As empresas interessadas devem preencher o formulário disponibilizado pela Feam e, nele, descrever a iniciativa da empresa e todas as informações relacionadas. Em seguida, é necessário que o documento seja enviado ao e-mail boaspraticas@meioambiente.mg.gov.br.

Juntamente com o formulário, deve ser encaminhado, ainda, um termo que autoriza a publicação das iniciativas na página da Feam. O documento deve ser assinado pelo representante legal da empresa e enviado para o mesmo e-mail. Isto porque as iniciativas, após avaliação e certificação, serão catalogadas e divulgadas na página www.feam.br/producao-sustentavel/boas-praticas.

Além do envio da documentação descrita, as empresas interessadas também devem estar regularizadas junto aos órgãos ambientais. No momento, as equipes técnicas da Feam e da Fiemg analisam um projeto que propõe o reaproveitamento de resíduos de Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Novas iniciativas também são aguardadas para análise no Banco de Boas Práticas Ambientais na Indústria.