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Segurança / Defesa Social

10h21min - 11 de Março de 2015 Atualizado em 10h32min

Detentos de Minas conquistam vagas e bolsas de estudos para cursar o ensino superior

Vinte e sete detentos das unidades prisionais do Estado se destacaram na última edição do Enem PPL

Arquivo/Seds
Em Minas, cerca de 8.500 detentos estudam
Em Minas, cerca de 8.500 detentos estudam

As grades das celas não são um empecilho para inúmeros detentos que vislumbram um futuro melhor fora das unidades prisionais. Prova disso é a crescente adesão de presos ao Enem. O estudo ainda é a melhor alternativa para garantir a ressocialização daqueles que estão privados de liberdade. Vinte e sete detentos das unidades prisionais de Minas Gerais se destacaram na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL), de acordo com o último levantamento da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).

Com o fim de todas as chamadas do Programa Universidade para Todos (ProUni), a Diretoria de Ensino e Profissionalização da Suapi destacou a atuação de presos que conseguiram a aprovação no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e, posteriormente, bolsas de estudo para cursar a graduação.

A Penitenciária José Maria Alkimin, localizada em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi uma das unidades prisionais que mais se sobressaiu em aprovações no Sisu e ProUni. Por trás das suas grades há futuros administradores, engenheiros, biólogos, pedagogos e analistas de sistema.

Jonathan Alves se destacou na redação do Enem PPL, obtendo nota 960. A boa pontuação lhe garantiu uma bolsa integral no curso de Ciências Biológicas em uma universidade particular. Além de Jonathan, outros detentos mostraram que é possível concretizar sonhos, mesmo quando privados da liberdade.

Este é o caso de Humberto José Hajime, que cumpre pena em unidades prisionais mineiras desde 2007 e está há um ano e meio na Penitenciária José Maria Alkimin. Humberto soube aproveitar as oportunidades ofertadas pela unidade prisional. Ele é aluno do terceiro semestre do curso de Administração da Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (Fead) e, com o bom desempenho no último Enem, conseguiu aprovação no curso de Engenharia Civil da Universidade de Uberaba e uma bolsa integral por meio do ProUni.

Humberto relatou que cursar engenharia era um sonho do pai, já falecido. “Este era um grande desejo do meu pai. Pretendo realizá-lo.” Além deles, Seichi Márcio Takahashi foi o primeiro colocado na seleção do ProUni para o curso de Tecnologia da Informação da Unisul. Takahashi já está matriculado e cursando o primeiro período.

No Complexo Penitenciário Nelson Hungria, um dos maiores de todo o Estado, há também futuros profissionais de nível superior se dedicando aos estudos e utilizando o tempo ocioso para planejar o amanhã. Marcelo José da Silva Machado foi aprovado no curso de Arquivologia da Universidade Federal de Minas Gerais e também no curso de Direito da Faculdade Kennedy. O detento, que aguarda a progressão da pena para o regime semiaberto, disse que optará pelo Direito para dar continuidade à graduação que ele já havia iniciado antes de entrar na unidade prisional.

Na Penitenciária de Três Corações, localizada no Sul do Estado, sete detentos foram aprovados e irão iniciar o curso de Administração à distância em julho deste ano. Em Cataguases, na Zona da Mata Mineira, o detento Alan da Silva Ramos foi aprovado no curso de pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), campus Leopoldina, e conquistou, também, uma bolsa integral do curso de Administração em uma faculdade particular da cidade.

Mulheres vão à luta

E os bons exemplos não são somente os masculinos. As pedagogas da Penitenciária Estevão Pinto, localizada em Belo Horizonte, destacaram o desempenho de Grisellyd Taygla Alves, que foi selecionada na chamada regular do Sisu para cursar Educação Física, na Universidade Federal de Viçosa, campus Florestal e conseguiu bolsa de estudos para cursar Direito em uma faculdade particular.

Grisellyd, que está no regime semiaberto, já é aluna do curso Técnico em Mineração desde o segundo semestre do ano passado, quando foi selecionada pelo Sisutec - Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica. Na Estevão Pinto, unidade prisional destinada somente a mulheres, 81 candidatas foram inscritas no Enem PPL. Destas, 29 obtiveram notas para aprovação no Sisu e 17 para concorrer a bolsas do ProUni.

A pedagoga da unidade, Miriam Célia dos Santos, acredita que o bom desempenho das detentas deve-se à parceria entre unidade prisional e a Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec Minas), que contribui com a oferta de vagas para presas com ensino médio completo e distribuição de materiais de estudo.

Esta foi a quinta edição do Enem PPL aplicada nas unidades prisionais do Estado. De acordo com levantamento da Diretoria de Ensino e Profissionalização da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), o Estado teve 5.889 participantes de 111 unidades prisionais públicas e 28 Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC’s) . Na primeira edição em que Minas participou, em 2010, 233 presos de 24 unidades fizeram a prova. A última edição do Enem PPL teve 38.101 inscritos em todo o Brasil.

Ensino das unidades prisionais

Em Minas Gerais, cerca de 8.500 detentos estudam. Deste total, 7.142 estão matriculados nas 99 escolas instaladas dentro das unidades prisionais do Estado. São 5.770 cursando o ensino fundamental, 1.197 matriculados no ensino médio e 175 no ensino superior. Em 2005, apenas 755 presos estavam matriculados no ensino médio e fundamental.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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