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Vilma Coutinho Gomes, de 33 anos, mãe biológica do detento Mike Gomes Camilo, 18 anos, encontrou o filho que não via há mais de 17 anos. Vilma estava acompanhada de outro filho, de 10 anos, e de Maria Batista, de 74 anos, que adotou Mike quando ele tinha dois anos de idade. O reencontro ocorreu na porta da unidade do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na última semana de janeiro.

As visitas a presos são permitidas mediante cadastramento prévio, limitadas aos sábados e domingos. Como era uma segunda-feira, o agente penitenciário Severo precisou acionar a assistente social Maria Auxiliadora Rocha para encaminhar o caso da mãe do interno. A situação incomum possibilitou à assistente, que conduzia o encontro, uma justificada exceção. “Severo teve abertura para ouvir e conversar com a mãe do jovem detento. Ele me chamou, pois percebeu a situação atípica e a necessidade de uma atenção diferenciada”, relata Maria Auxiliadora.

Exceção

A pedido da assistente social Maria Auxiliadora, o diretor de segurança Luis Fernando Corrêa permitiu que Mike, privado do carinho da mãe biológica desde os nove meses de idade, pudesse recebê-la de braços abertos para um longo abraço. 0 encontro entre mãe e filho foi realizado com muita emoção e choro.

O diretor de segurança explica que o Procedimento Operacional Padrão (POP) da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), documento que lista as normas de segurança dentro das unidades prisionais de Minas Gerais, solicita o uso de algemas em diversos locais e circunstâncias. “Mas o POP permite que uma assistente social, psicólogo ou outro técnico do Sistema Prisional, em consonância com o agente penitenciário, dispense o uso de algemas em situações especiais”, diz Corrêa.

Segundo o diretor, o encontro de Vilma com o filho no Ceresp deveu-se, principalmente, a Severo, nome ‘de guerra’ do agente Célio dos Santos Maciel. Ele tem 45 anos de idade e está há 19 anos no Sistema Prisional e há quatro no Ceresp Contagem. “Não fiz mais do que minha obrigação. Todos os familiares de detentos merecem respeito e atenção. De certa forma, os parentes cumprem pena junto com os presos, é um sofrimento ver alguém que se ama privado de liberdade”, diz o agente.

Experiência

Maria Auxiliadora Rocha, carinhosamente chamada de Dorinha, tem 60 anos de idade e trabalha desde 2008 no Ceresp Contagem. Ela descreve seu modo de atuar como resultado de um longo amadurecimento pessoal e profissional. “A escuta apurada é a característica mais importante de um bom profissional do Serviço Social. Além disso, é preciso estar preparado emocionalmente e definir estratégias de acolhimento.”

A mãe biológica do detento Mike  promete visitar o filho de 15 em 15 dias, a despeito de morar em Manhuaçu, a cerca de 300 quilômetros de Belo Horizonte. “O encontro foi uma mistura de alegria e tristeza. Achei meu filho, mas na condição de preso; nunca mais quero perdê-lo novamente”, diz Vilma.

Ela conta que, quando Mike nasceu, estava sozinha e sem dinheiro em Belo Horizonte. Pediu para uma vizinha tomar conta do bebê, pois estava indo para Manhuaçu, onde pediria ajuda à família. Ao retornar à capital, não encontrou a vizinha nem o bebê. Foi quando começou a longa busca pelo filho até que informações garimpadas nas redes sociais levaram Vilma à porta do Ceresp Contagem.