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Cultura

08h51min - 26 de Agosto de 2015 Atualizado em 18h44min

Movimentos sociais debatem futuro do Circuito Cultural Praça Liberdade

Ideia é criar um novo modelo de gestão para o espaço; evento, realizado nesta semana, é parte das comemorações do Dia do Patrimônio

Omar Freire/Imprensa MG
Especialistas apresentaram propostas e experiências sobre o uso de espaços públicos por manifestações culturais
Especialistas apresentaram propostas e experiências sobre o uso de espaços públicos por manifestações culturais

Qual é o melhor modelo de gestão para o Circuito Cultural Praça da Liberdade? Afinal, que Circuito a cidade quer?  Para responder a estas perguntas, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) promoveu dois dias de palestras e mesas de discussão para que movimentos sociais, coletivos artísticos e público em geral apresentassem propostas para a cultura em Belo Horizonte.

Esse é o primeiro passo para a instauração de um fórum permanente de discussão sobre o circuito. A programação é parte das comemorações do Dia do Patrimônio, realizadas pelo Iepha-MG.

“De qual maneira o Circuito da Praça da Liberdade pode intermediar a ocupação das praças e dos prédios por pessoas que moram longe desses equipamentos e que, ainda hoje, não se sentem pertencidas nestes locais?”. 

A autora desta pergunta, a representante do Espaço Comum Luiz Estrela Silvia Andrade, acredita que a preocupação no circuito ainda é preservar os prédios em detrimento da ocupação. O cidadão, nesse contexto, é visto como um risco para o patrimônio, e as expressões artísticas mais autênticas ou populares ficam fora do calendário por conta da pesada burocracia.

Já o representante do Piseagrama, Roberto Andres, vê cultura, arquitetura e movimento como o tripé para que a população participe do processo de ocupação. Apesar de frisar que concentração de equipamentos culturais, no atual modelo do Circuito Cultural, está em desuso, Andres acredita que trazer a população para a praça é o caminho para a democratização.

“A cidade deve ser pensada para as pessoas. O jovem que mora longe tem de ter o direito e os meios para conseguir chegar até a praça. Só assim vai fazer parte desse espaço”, afirma.

Também compuseram a mesa “Eixo Diversidade e Movimentos na cidade” Nil César, da Casa do Beco, e Francisco Ferreira, do Ocupe Estelita de Pernambuco. A mediação foi feita pela historiadora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Regina Helena da Silva.

Para Regina, “os coletivos lutam por um espaço comum de igualdade e que reconheça que vivemos em desigualdade. O respeito às diferenças culturais, sociais, habitacionais, entre outras, deve existir nesses espaços que se pressupõem como democráticos. Essa atitude dos movimentos deve integrar a política de Estado”.

Pensando na participação do Governo de Minas Gerais no processo, a presidenta do Iepha-MG, Michele Arroyo, destacou que encontros como esse vão municiar o instituto de experiências bem-sucedidas dentro e fora de Minas Gerais para que o patrimônio retorne para a população.

“É preciso pensar mecanismos de articulação para mantermos o diálogo. A ideia do observatório do Circuito é para viabilizarmos a apropriação pelos diversos setores da sociedade, e que essa experiência se irradie para outras localidades do estado”, afirma Michele. 

Eixos de prioridade

A nova gestão do Iepha-MG estabeleceu três eixos de prioridades no Circuito Cultural Praça da Liberdade. O primeiro diz respeito ao cuidado com os edifícios que compõem o complexo. O “Rainha da Sucata”, o Palácio da Liberdade e a Biblioteca Luiz de Bessa vão passar por obras de melhoramento do receptivo e de segurança.

O segundo, no qual os debates se encaixam, prevê a participação ativa da sociedade civil na construção de uma nova política para o Circuito. O fórum permanente pretende manter a sociedade como parte de todo o processo, desde a criação de políticas até suas execuções.

Por fim, o perímetro do Circuito será ampliado. Espaços da Rua da Bahia e da Avenida João Pinheiro vão ser integrados ao complexo. A ideia é fortalecer o diálogo do projeto com o espaço urbano, a partir do entendimento da cultura como parte das memórias de convivência e de trânsito nesses espaços. 

Experiência que vem de fora

Francisco Ferreira trouxe de Recife a experiência da ocupação popular do cais José Estelita. Localizado em uma área degradada da capital pernambucana, os galpões estavam abandonados e fariam parte de um projeto de construção de arranha-céus que não levava em conta a identidade da cidade.

O movimento Ocupe Estelita resolveu gerir a cultura nessas áreas e conseguiu trazer o público de volta para a região. O movimento ganhou destaque pela participação espontânea de artistas consagrados, com apresentações gratuitas no cais.

Para Ferreira, essa experiência é uma prova de a sociedade civil organizada é capaz de gerir a cultura e pensar a própria cidade. Nesse sentido, ainda acrescenta que “o patrimônio só tem sentido quando a sociedade dá sentido a ele. Essa decisão não é da administração pública”.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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