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Ciência e Tecnologia

14h58min - 13 de Junho de 2014 Atualizado em 16h43min

Pesquisadores de Belo Horizonte buscam transformar resíduos urbanos em fonte limpa de energia

O projeto, liderado pelo sanitarista Cláudio Jorge Cançado, é destaque na proposta de reaproveitamento de resíduos sólidos para geração de energia elétrica

A cada dia mais populosas, as metrópoles brasileiras empilham moradores por meio do fenômeno da verticalização e têm se tornado cenário de inúmeros dilemas sociais. Em tal panorama, destacam-se a demanda por energia elétrica e a busca de soluções eficientes para o descarte de resíduos.

Tudo o que é produzido para consumo humano, de automóveis a garrafas pet, revela-se como provável resíduo futuro. A problemática já bate à porta das autoridades nacionais. A produção de lixo no País – que cresce em ritmo mais acelerado do que a população urbana – chega a mais de 61 milhões de toneladas por ano. O vasto território brasileiro também cobra muito da natureza para manter suas lâmpadas acesas. Dados do Banco Mundial indicam que, em 2013, o Brasil foi a sétima nação em consumo total de energia. Por aqui, mais de 80% da energia gerada vêm de usinas hidroelétricas.

No entanto, a questão pode ter encontrado solução prática nas mãos de pesquisadores mineiros. A proposta do projeto “Levantamento do potencial energético dos resíduos domiciliares e comerciais urbanos do município de Belo Horizonte” é o estudo do reaproveitamento de resíduos sólidos para geração de energia elétrica. Iniciada em 2009, a iniciativa é encabeçada pelo engenheiro civil e sanitarista Cláudio Jorge Cançado.

O pesquisador contou com a cooperação de equipe da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), que, desde janeiro de 2014 foi integrada ao Instituto de Geociências aplicadas (IGA), compondo o Instituto de Geoinformação e Tecnologia (IGTEC).

Os estudos encontraram no cenário socioambiental de Belo Horizonte as condições ideais para justificar suas finalidades. O aterro sanitário da capital, inaugurado em 17 de fevereiro de 1975, chegou ao limite de sua capacidade em dezembro de 2007, com cerca de 24 milhões de metros cúbicos de resíduos aterrados. O lixo hoje gerado na cidade destina-se ao aterro de Macaúbas, em Sabará. O fato demonstra que alternativas para a questão dos resíduos não é necessidade para um futuro longínquo. De acordo com Cláudio Cançado, o uso da tecnologia de tratamento térmico de resíduos por plasma apresenta significativa vantagem para geração de energia – em relação aos métodos de aterramento ou incineração –, visto o baixíssimo índice de emissão de gases de efeito estufa decorrentes do processo.

As investigações tiveram início com a caracterização geográfica do lixo, realizada nas diferentes regionais de Belo Horizonte. Segundo o pesquisador, não houve expressiva diferença entre as amostras de resíduos domiciliares coletados, pela própria equipe, nas diferentes regiões. “Pudemos identificar que o lixo produzido no município apresentou, em todas as áreas, equivalente potencial calorífero, que é a capacidade de produção de energia”, conta.

Testes de laboratório

Na etapa laboratorial, o lixo foi triturado e encaminhado à realização de ensaios químicos. Busca-se, desse modo, determinar o Poder Calorífico Superior (PCS) e o Poder Calorífico Inferior (PCI) a serem gerados pela composição de cada amostra de resíduos.

Outra possibilidade para se conhecer a energia potencial do lixo é reduzi-lo a seus componentes químicos: carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e enxofre. Esta etapa contou com o apoio do Setor de Análises Químicas do Cetec.

No intuito de ampliar o conhecimento sobre a questão da caracterização dos resíduos sólidos urbanos e comerciais, a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte – em cooperação com a Associação para a Preservação do Meio Ambiente da Cidade de Kitakyushu – Japão, desenvolveu o “Projeto para a Promoção da Eficiência na Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil”. A iniciativa, que contou com a participação da equipe do Cetec, buscou o treinamento e a troca de experiências sobre o assunto com especialistas do Japão, país onde o uso da tecnologia de tratamento térmico se apresenta como forma de geração de energia elétrica muito utilizada.

De acordo com Claudio Cançado, “até hoje, foram realizadas 220 amostras de determinação do índices PCS e PCI dos resíduos sólidos urbanos do município de Belo Horizonte, quantidade suficiente para demonstrar que o potencial energético oferecido pelo reaproveitamento dos resíduos domiciliares e comerciais da cidade – algo em torno de 3.500 kcal/kg – é bem representativo e proveitoso, se considerada a grande quantidade de produção  de resíduos do município, a necessária sustentabilidade técnica, ambiental e econômica do sistema de coleta e destinação de resíduos e a crescente demanda do município por energia”. 
 

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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