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Saúde

16h07min - 08 de Abril de 2014 Atualizado em 16h09min

Rede Fhemig divulga pesquisa inédita e alerta para os riscos de acidentes com moto

Dados levam em conta vítimas atendidas no Hospital João XXIII e apontam, entre outros aspectos, mês e dia da semana com o maior registro de acidentes

Alexandra Marques
Médicos da Rede Fhemig concederam entrevista coletiva para apresentar dados da pesquisa
Médicos da Rede Fhemig concederam entrevista coletiva para apresentar dados da pesquisa

Um levantamento feito com vítimas de acidentes com moto atendidas no Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, em 2013, mostrou que julho foi o mês com o maior número de acidentados, e que a segunda-feira foi o dia da semana em que mais pacientes deram entrada.  E é após as 14h que o hospital registra maior número de admissões, com horário de pico entre 18h e 20h. A pesquisa ainda mostra que a maioria dos acidentados está na faixa etária de 18 a 30 anos (cerca de 60%) e é do sexo masculino (aproximadamente 80%).

A maior parte dos atendimentos foi feita a pacientes classificados como graves, cerca de 55%, e um pequeno percentual de quase 1% como de extrema gravidade, com risco iminente de morte. Do total geral de óbitos registrados no hospital em 2013 (1.050), quase 10% (101) foram de acidentados com moto.  Dos pacientes classificados como de extrema gravidade, 63,64% foram a óbito em menos de 24 horas após darem entrada na unidade. Muitos dos pacientes atendidos ficaram com sequelas irreversíveis, como paraplegia, tetraplegia ou danos neurológicos. “Muitos nem chegam a dar entrada no hospital, pois morrem no local”, comentou o cirurgião geral Paulo Roberto Carreiro.

A pesquisa inédita do Hospital João XXIII, feita para a Campanha Educativa de Prevenção de Acidentes com Motocicletas pela Rede Fhemig , aponta que os acidentes continuam acontecendo e que os casos são graves, deixando centenas de mortos e sequelados. A Campanha - cujo slogan é “Eu piloto pela vida” – tem como objetivo sensibilizar a população sobre os riscos, cuidados e prevenção desses acidentes.

Equipe multidisciplinar

Segundo a gerente assistencial do Hospital João XXIII, Tatiane Miranda, os motociclistas chegam com diversas lesões e mobilizam uma equipe multidisciplinar composta por médicos de mais de uma especialidade, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, entre outros profissionais.  O custo social é alto, levando-se em conta o tempo de permanência no hospital, em que a vítima fica afastada do trabalho, podendo ocorrer aposentadorias precoces. Para alguns, o afastamento é definitivo.

Velocidade

A velocidade média das motocicletas no trânsito é maior do que a dos veículos em geral. “É uma guerra por espaço no trânsito e é necessária uma postura mais amigável entre os motoristas de veículos, motociclistas e pedestres, além de uma fiscalização atuante por parte das autoridades competentes e de maior prudência por parte dos condutores”, comentou Tatiane.

As sequelas são diretamente relacionadas à velocidade. Quanto maior a velocidade, mais graves são as lesões, principalmente quando batem de frente com outro veículo ou objeto fixo. A motocicleta é um veículo que não tem proteção estrutural.  O condutor fica mais exposto e frequentemente é ejetado da moto. As lesões mais frequentes envolvem membros inferiores, principalmente esmagamento e fraturas expostas.

Para as vítimas graves, o principal quadro clínico se refere ao traumatismo craniano que, quando não leva ao óbito, deixa sequelas, como limitações motoras e alteração permanente da consciência. Essas sequelas tendem a criar uma nova dinâmica familiar, pois muitas vezes a pessoa que sofreu o acidente torna-se dependente de cuidados de um familiar para sobreviver.

É importante que o motociclista use sempre os dispositivos de segurança, como capacete, calça e jaquetas de material resistente que minimizam a lesão no momento em que ele toca no solo.

Atropelamento por moto

Outro dado que preocupa é o número de vítimas atropeladas por moto, principalmente crianças e idosos, que são, por natureza, mais vulneráveis aos acidentes de trânsito.  O hospital não tem como mensurar em números, mas profissionais que trabalham na emergência, bloco cirúrgico e CTI têm observado que esses casos estão aumentando. “Frequentemente temos crianças internadas no CTI atropeladas por moto”, afirmou o pediatra intensivista Sérgio Guerra.

Persistir no risco

Para o médico cirurgião geral Marcos Lázaro, o sentimento de receber um motociclista acidentado na sala de emergência do Hospital João XXIII é de frustração, já que muitos deles não estão ali pela primeira vez. Por diversas vezes ele já atendeu motociclistas que sofreram vários acidentes. O médico lembrou-se do caso de um motociclista que perdeu uma das  pernas, comprou uma moto mais possante  e voltou a pilotar. “É deprimente constatar que nada muda. Os acidentes continuam acontecendo e, o que é pior, são ainda mais graves, pois as motos são cada vez mais velozes”, afirma.

Daniel Pereira Rodrigues, 25 anos, internado no quinto andar do Hospital João XXIII, trabalha como garçom e já sofreu 14 acidentes.  Desta vez ele teve fratura exposta na mão, mas, no acidente que considerou mais grave, ficou por uma semana em coma. Ele usa a moto como transporte para o trabalho. “Bati de frente com outro motociclista”, contou, prometendo não andar mais de moto.

Já Antônio Moreira da Silva, 22 anos, não teve a mesma sorte que Daniel. Ele ficou paraplégico em consequência de um acidente no dia 4 de fevereiro. “Bati na lateral de um carro por distração, mas não estava totalmente errado, já que o motorista do carro não deu seta para informar que ia entrar numa rua à direita”, disse. Para Antônio, moto é um dos meios de transportes mais úteis, além de ter o valor da manutenção baixo. “É só ter prudência”, alerta.  O acidente de Antônio mudou completamente a rotina de sua mãe, Célia Eunice Borges. “Parei de trabalhar para ficar ao lado dele”, contou.

A assistente social Viviane Oliveira reforça que esses acidentes impactam a rotina de toda a família da vítima. “É necessário apoiarmos os familiares para aceitar a situação, pois precisarão se reorganizar para lidar com a situação. O paciente fica dependente de cuidados domiciliares e um membro da família acaba tendo que parar de trabalhar para ficar por conta do doente. Os gastos também aumentam. O paciente passa por várias etapas para aceitar a nova realidade. Damos esse suporte não só para ele, mas para seus familiares”, relata.

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