O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego (Sete), em parceria com o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), lançou oficialmente, nesta terça-feira (9), o Projeto Minas Reciclando Atitudes, Repensando o Futuro. O evento de lançamento aconteceu na sede da CMRR, em Belo Horizonte, durante a realização de 1º Seminário Estadual de mesmo nome.

Fruto de convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, o projeto visa o fomento a empreendimentos da economia solidária e redes de cooperação atuantes com resíduos sólidos, constituídas por catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. A iniciativa vai abranger 79 municípios mineiros, sendo 47 da Região Metropolitana de Belo Horizonte e Colar Metropolitano, incluindo a capital, 16 da região do Baixo Jequitinhonha, 9 da região Norte e 7 da Zona da Mata.

"Vamos construir as políticas públicas sustentáveis discutindo com a sociedade, especialmente neste momento tão estratégico, marcado pela desativação dos lixões a partir do próximo ano", destaca o secretário da Sete, Zé Silva, durante a abertura do evento. Segundo o secretário, o momento é de construir uma metodologia bem amparada e que ajude de fato os catadores.

"Essa construção deve ser feita, especialmente, com uma política pública sustentável, que atenda os preceitos do meio ambiente, da preservação ambiental, mas que também possa inserir através de um processo educativo e construtivo, as pessoas que trabalham com materiais recicláveis", ressalta.

O projeto prevê ações de assessoria técnica, educação e formação sócio-profissional, além do encaminhamento de políticas públicas de educação, assistência social e saúde de cerca de 2.100 catadores de materiais recicláveis e seus familiares. Serão atendidos pelo projeto 25 empreendimentos solidários constituídos por 900 catadores cooperados com mais 300 beneficiários diretos.

Para o secretário adjunto da Sete e presidente do Conselho Estadual de Economia Popular Solidária (Ceepes), Hélio Rabelo, é o momento de uma grande sensibilização. "Temos um projeto inédito no Brasil e Minas é o primeiro Estado a executá-lo. Agora é o momento de sensibilização e entender o que essas pessoas precisam”, enfatiza.

Ainda segundo Hélio Rabelo, o projeto busca o fortalecimento dos catadores por meio do Ceeps, junto  com o Governo de Minas e a sociedade civil. "Vamos trabalhar por melhores condições de vida e por mais autonomia dos catadores de materiais recicláveis”, completa.

O diretor executivo do CMRR, José Aparecido Gonçalves, acredita que, com a proposta apresentada, um bom caminho já foi percorrido. "Já conquistamos parte de uma estrada de grandes lutas com o projeto. Agora vamos partir para a formulação concreta de um pacto federativo que integra União, Estado e municípios que ofereça uma solução objetiva para a gestão integrada dos resíduos com foco na inclusão produtiva dos catadores", afirma.

O diretor também ressalta que busca mudar a realidade dos catadores que estão na informalidade. "Vamos aprofundar na realidade desses catadores que trabalham na informalidade. No país, apenas 3% dos catadores estão organizados em sistemas associativos e cooperativos. “Abordar esses catadores e capacitá-los para que eles possam atuar organizados, nesse sistema, será um grande salto”, acrescenta.

A representante da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Raposos (Ascar), Maria Terezinha Silva Magalhães, informou que a situação dos catadores naquele município não são fáceis. Mas, esperançosa, ela vê o projeto com bons olhos. “Temos muitas fragilidades em Raposos, nossos catadores precisam de socorro urgente. Para que de fato possamos tirar essas pessoas da invisibilidade e resgatar a cidadania, era preciso uma proposta como a que foi apresentada aqui hoje. Quero parabenizar a todos envolvidos porque vejo com muita alegria que a nossa luta não tem sido em vão", disse.