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Cultura

18h28min - 26 de Agosto de 2015 Atualizado em 18h29min

Seminário do Circuito Cultural encerra com debate sobre novas possibilidades de comunicação

Mídia tradicional em contraponto às mídias alternativas foi tema da última mesa do Seminário Estadual do Patrimônio Cultural, “Mídia Alternativa e Circuitos de Cultura”

Omar Freire/Imprensa MG
“Mídia Alternativa e Circuitos de Cultura” foi o tema que reuniu o professor da ECA (USP), Vinicius Romanini, o jornalista e presidente da Rede Minas, Israel do Vale, o artista multimídia e professor da FAAP
“Mídia Alternativa e Circuitos de Cultura” foi o tema que reuniu o professor da ECA (USP), Vinicius Romanini, o jornalista e presidente da Rede Minas, Israel do Vale, o artista multimídia e professor da FAAP

As questões sobre a mídia tradicional em contraponto às chamadas mídias alternativas abriram os debates da última mesa do Seminário Estadual do Patrimônio Cultural: Circuitos Culturais e as Cidades que se encerrou na noite dessa terça-feira (25/08) no teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz Bessa.

“Mídia Alternativa e Circuitos de Cultura” foi o tema que reuniu o professor da ECA (USP), Vinicius Romanini, o jornalista e presidente da Rede Minas, Israel do Vale, o artista multimídia e professor da FAAP, Lucas Bambozzi e o mediador João Paulo Cunha, profissional especializado na área cultural e que preside hoje o BDMG Cultural, espaço que agora também integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade.

João Paulo iniciou os trabalhos da mesa lembrando os primeiros momentos do Circuito e como foi feita a comunicação no período de implantação do projeto. “O Circuito surgiu para a cidade de uma forma impositiva, vertical e autoritária. E a maneira como foi trabalhada a comunicação seguiu as mesmas diretrizes: centralizada, vertical e autoritária”, afirmou João Paulo, ainda no começo de sua fala, dando o tom das reflexões que viriam adiante. O jornalista destacou como a “lógica do marketing”, que presidiu os primeiros esforços do Circuito ao tentar se afirmar como roteiro de cultura, foi uma iniciativa meramente política. “O apelo inicial era todo mercadológico. Queriam mostrar que ali tinha algo para ser consumido. E fizeram uma comunicação ‘exibida’, apresentando aquilo que não era, e ao mesmo tempo ‘constrangida’, quando tentavam esconder os claros interesses políticos”, prosseguiu o mediador.

Dando continuidade à “transparência” em suas observações, João Paulo passou a palavra ao primeiro convidado depois de estabelecer um ponto sobre o ‘nascimento’ do Circuito e o comportamento da mídia naquele momento. “Houve naquele instante um esvaziamento da imprensa local. A imprensa parou de refletir. Não existia lugar para reflexão nem para o pensamento. E uma imprensa que não pensa ou reflete não pode cobrir cultura. Se fizermos um resumo de como era então a comunicação do Circuito, podemos dizer: era autoritária, privatista, excludente, silenciosa e burra”, decretou.

Israel do Vale destacou o termo “mídia alternativa” e o papel das redes digitais e a consequente multiplicação de janelas abertas pelo uso da internet. “A mídia tradicional, analógica, não nos serve mais. Não é possível legitimar o modelo vigente. E agora temos esse caminho digital, que amplia e achata ao mesmo tempo. Eu sou um otimista. Acho que é um bom momento para refletirmos sobre uma nova forma de comunicação. Muita coisa foi detonada e destruída. Por isso, é hora de fazer o manejo dos estilhaços”,  resumiu.

Lucas Bambozzi, que trabalha há vários anos com comunicação em diferentes plataformas e, muitas vezes, voltada para circuitos específicos e linguagens digitais, usa os dispositivos móveis como mais um acessório da contemporaneidade. “É no domingo que a gente entende o que é a TV aberta. Eu olho aquilo e me pergunto: ‘como isso se sustenta?’. Sei que é um modelo falido e que precisa ser reposto de alguma maneira. Os laboratórios de linguagem que propomos vão muito nessa busca por um formato contemporâneo”, explicou Bambozzi.

Já o professor Vinicius Romanini (ECA/USP) sugeriu “ressignificar” aquilo que está aí. “Mídia alternativa é aquela que se contrapõe à lógica das mídias tradicionais do Estado. Uma ocupação, por exemplo, é uma mídia alternativa. E esse tipo de mídia pode acontecer em vários universos, inclusive no digital”, ensinou Romanini. O professor discorreu também sobre a importância da criação de “ontologias das redes”. A Ontologia trata deste ser concebido que possui uma natureza comum e inerente a todos. Romanini defende “entender como esse universo é criado a partir das lógicas digitais”. “Eu não vejo na área da cultura a preocupação de criar ontologias específicas. E quem cria ontologia, cria o poder de distribuição, uma lógica própria. A lógica de quem criou. Feito isso, é possível então promover interconexões de experiências, ou seja, uma experiência local que se conecta a uma lógica de distribuição”, disse Romanini.

 Escuta da sociedade

“Você ganha uma eleição, mas não ganha o Estado. Às vezes, fica muito difícil para um gestor público mover uma roda. Entendo que a produção de sentido nasce no seio da população. E esse sentido que deveria contaminar, de forma criativa, a lógica da indústria cultural” lembrou Israel do Vale, ressaltando a importância da escuta da sociedade para a elaboração de políticas públicas efetivas.

O Seminário Estadual do Patrimônio Cultural mostrou, em sua primeira edição, que o diálogo permanente com o público é uma das alternativas para encontrar caminhos que gerem uma maior democratização dos espaços e uma programação que seja eficiente na formação cultural e artística dos cidadãos. A próxima iniciativa do Iepha/MG, onde funciona hoje a comunicação do Circuito Cultural Praça da Liberdade, deverá ser a criação do Fórum Permanente de Discussão do Circuito. O fórum deverá seguir a mesma trilha aberta pelo seminário, elegendo o ato de ouvir e perceber o outro como ferramenta fundamental.

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