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Representantes das comissões regionais e de órgãos de governo se reuniram, nesta quinta-feira (14/5), em Belo Horizonte, para debater o tema da 6ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável: “Comida de Verdade no Campo e na Cidade: por direitos e soberania alimentar”. O seminário de capacitação e reunião preparatória ocorreu na Cidade Administrativa.

Na oportunidade, o secretário de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social e também secretário-geral do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (Consea-MG), André Quintão, destacou a importância da participação social no processo.

“A realização das conferências de segurança alimentar vai ao encontro da diretriz estratégica do governador Fernando Pimentel. Ouvir para governar não é ritual, é uma aposta na cidadania”, enfatizou.

O secretário disse, ainda, que será inaugurada uma nova fase de participação no governo, desta vez no âmbito dos Fóruns Regionais, anunciados na semana passada pelo governador Fernando Pimentel. “Temos que incentivar cada vez mais a presença dos movimentos sociais nesses encontros, nesses espaços de reflexão e de decisão”, declarou André Quintão.

Apresentações técnicas

Presente no encontro preparatório, o presidente do Consea-MG, Dom Mauro Morelli, recebeu os participantes apontou o sonho de que “todos nós possamos contribuir para que o nosso povo seja saudável, criativo, inteligente e bem-humorado”, sinalizou.

A primeira palestra ficou por conta do representante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar, Rodrigo Vieira, a respeito da diversidade dos povos, dos alimentos e na vegetação.  

“Avançamos no acesso à alimentação, mas ainda temos um longo caminho em relação à qualidade e ao respeito à variedade de produção. A forma de produção de alimentos viola o direito à saúde, à alimentação, o uso da biodiversidade e o direito à agua”, afirmou Vieira, referindo-se ao uso massivo de agrotóxicos e à escalada dos alimentos geneticamente modificados. “O glifosato, presente nos transgênicos, de acordo com várias pesquisas, aumenta a incidência de câncer, de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e a conservação, com excesso de sal e de gordura, favorece a obesidade”, informou.

Na sequência, o direito à água foi abordado pelo diretor técnico da Ruralminas, Alexandre Chumbinho. “Existe escassez hídrica e estamos entrando no período da estiagem; a tendência é de agravamento desse quadro”, afirmou.

A solução, consenso entre os participantes, passa pela redução de consumo, pela conscientização e pela preservação ambiental, mas também pelo modelo de desenvolvimento econômico desejado e como o Estado vai impulsionar este processo.

Povos tradicionais e sistema de segurança alimentar

A representante do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matrizes Africanas, Valéria Fernandes Miranda, trouxe para o debate a necessidade de preservar as formas de produção das comunidades tradicionais.

“Na cultura dos povos tradicionais a comida não é só alimento, ela é instrumento de socialização, de cura e está sacralizada pelos indígenas, em sua forma peculiar de produção, pelos africanos que sacrificam os animais para depois oferecê-los à comunidade em comunhão. Os quilombolas, que também são agricultores, têm formas específicas de organização social e de produção do alimento”, explicou.