• Salvar PDF
• Imprimir
• Enviar por email

Incentivar a permanência na escola e apresentar o mundo dos negócios são os objetivos de encontros e cursos que têm sido realizados em Centro Socioeducativos da Região Metropolitana, em parceria com uma Oscip de atuação internacional. Utilizam-se jogos e dados estatísticos que relacionam os melhores salários à maior escolaridade.

As atividades são promovidas pela Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), em parceria com a Junior Achievement, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atua em mais de 120 países, e em todas as capitais do Brasil, atendendo a mais de 10 milhões de jovens por ano, preparando-os para serem futuros empreendedores.

O próximo curso começa na segunda-feira (24/11), no Centro Socioeducativo do Horto, em Belo Horizonte com o tema Introdução ao Mundo dos Negócios. A ação pretende ensinar empreendedorismo, mundo organizacional, planejamento de negócios e planejamento de venda para adolescentes em conflito com a lei que cumprem medida de internação no local. Está programada também uma simulação de vendas. Neste mês aconteceram treinamentos como esse na Casa de Semiliberdade Planalto.

A gerente de Formação Profissional, Fernanda Reis, da Diretoria de Formação Educacional e Profissional da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas, explica que há uma grande expectativa nesta nova parceria, pois ela apresenta e desenvolve com os jovens o empreendedorismo como alternativa de trabalho. “A Junior Achievement trabalha competências comportamentais e identificação de habilidades, além de possuir voluntários com diferentes formações acadêmicas e empresários de vários setores da economia.”

De 2003 a 2013 a Oscip teve 145 mil alunos em seus cursos, segundo Jonatan Mendes, relações públicas e analista de comunicação da organização. “O que faz a diferença dos voluntários, que até o ano passado eram cerca de 8.400, é a experiência no mercado de trabalho.” A entidade foi criada nos Estados Unidos e trazida para o Brasil pelo empresário do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter. “A Junior visa consolidar a cultura empreendedora formando uma geração de lideranças nas áreas empresarial, educacional, social e política” explica Jonatan Mendes.

Do tráfico ao material de construção

Quinze jovens na faixa etária de 13 a 15 anos, do Centro de Atendimento ao Adolescente, situado no Bairro Lindéia, em Belo Horizonte, foram os primeiros a concluir o curso “Vantagens de Permanecer na Escola”, no início do mês. Cibele Batista, assistente social, e Magnun Araújo da Silva, arquiteto com especialização em coaching, foram voluntários da ação. Eles mostraram para os jovens a importância de permanecer na escola com apoio da metodologia do coaching - que busca atingir metas, solucionar problemas e desenvolver novas habilidades.

“Chegamos sem nenhum pré-julgamento e ao mesmo tempo não deixamos de lado as histórias de vida dos jovens. Resgatamos e incentivamos habilidades gerenciais, artísticas e humanas descobertas nos encontros”, explica o voluntário Magnum Araujo da Silva. Estas descobertas foram facilitadas por jogos que incentivam a permanência na escola como o Jogo das Grandes Decisões, um jogo de tabuleiro cujo objetivo é atingir 300 pontos. As peças do jogo avançam e retornam nas casas de acordo com o empenho dos concorrentes na vida escolar, transitando no ensino fundamental, médio e superior.

Os voluntários Cibele e Magnum contam a história de um jovem do curso, de apenas 15 anos, que tinha uma função no tráfico de drogas e chefiava um grupo de cinco jovens. “Ele conseguiu descobrir em nossas conversas e reflexões suas habilidades de liderança e gerenciamento, usadas em atividades ilícitas, mas convenceu-se de usá-las no comércio da construção civil.”

Na última aula no Centro Socioeducativo Lindéia os jovens conheceram novas profissões e identificaram habilidades, mas acima de tudo passaram a acreditar na importância de jamais abandonar os estudos. Questionados sobre o que acharam dos encontros, responderam em coro: “Valeu demais!”.